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Ilustração: Veniamin |
excomungo a dor do desamor
eclesiástico o coração bailarino
deixa para trás o compasso
rego a carga amarga
que traz esse girassol solitário
repleto de semântica
& nenhum resíduo metafísico
intento fuga
ditoso na perdulária
insinuo sutilezas
com a invenção
tácita das rugas
é certo que ainda não percebemos:
a madrugada?
é só um varal teimoso.
*
traçaremos o teu itinerário
a rota exporta
em um compêndio
estranho
acomodado
para viagem de retorno ao pó
& renúncia
penso que agora
sabes escutar silêncios
mais que a noite
enquanto eu bebo
a cronológica infância.
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Ilustração: Veniamin |
*
tecemos um porto atomizado
& sem a cor dos enredos
absurdos
das rotineiras cidades acetinadas
segredamos o medo do escurejar
quando as mãos ainda
não tateavam sentidos
um campo nos convocou
apressado fortes sem dizer
(a)deus
agora deixo sempre a porta aberta
e o peito em riste
ca(n)tando paradigmas.
*
chegaremos de corpo & alma
ao outro lado
da metafísica emparedada
mastigamos até aqui
inquietações
[sa(n)grada idade]
no tenso mundo
avesso a dialética
com sua carga interdita
a forjar caminhos
vagamos aventureiros
no que funde perenidades
pela certeza:
há melodias e cartilagens
na árdua tarefa de ser humano.
AIRTON SOUZA é poeta e professor, nasceu em Marabá, no Pará. Licenciado em História e pós-graduado em metodologia do ensino de História, além de licenciado em Letras – Língua portuguesa, pela UNIFESSPA – Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará. Tem participação em mais de 60 antologias literárias. É membro de diversas academias de letras e instituições literárias, entre elas a ALSSP – Academia de Letras do Sul e Sudeste Paraense, cadeira nº 15, patrono o poeta Max Martins. Vem sendo considerado um dos grandes militantes dentro do Pará na divulgação do livro e da leitura. Já venceu alguns prêmios literários importantes, entre eles destacam-se: menção honrosa no Prêmio Proex de Literatura, nos anos de 2012 e 2013; um dos vencedores do Prêmio Cannon de Poesia – 2013; menção honrosa no Prêmio LiteraCidade de poesia – 2013, com o livro face dos disfarces; 1º Lugar no Prêmio LiteraCidade de 2014, categoria Crônicas Avulsas e 1º Lugar no Prêmio Dalcídio Jurandir – 2014, com o livro Ser não sendo e um dos vencedores do IV Prêmio Proex de Arte e Cultura, com o livro Manhã Cerzida. Publicou 20 livros de poemas e possui alguns inéditos.