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Ilustração: Marta Bevacqua |
Se não existem palavras
Meios olhares
Pretos avisos
Maus presságios
Profecias morais
Revelias
Se não existe poesia
More em outra cidade
Se não existem amores
Outras possibilidades
Se a cabeça anda torta
Os passos aguados
Os olhos murchos, parcos, rastros, mantos.
Traços
Se não existem certezas
Bailados mecânicos
Semáforos-portos
Meninas piscinas
Prantos pacatos
Lisos problemas
Dance grudado no seu amado
Se não existem navalhas
Memórias de cana
Estradas falantes
Se não existem mirantes
Profecias declaradas
Encontros partidos
Junte tudo
Meios olhares
Pretos avisos
Maus presságios
Profecias morais
Revelias
Se não existe poesia
More em outra cidade
Se não existem amores
Outras possibilidades
Se a cabeça anda torta
Os passos aguados
Os olhos murchos, parcos, rastros, mantos.
Traços
Se não existem certezas
Bailados mecânicos
Semáforos-portos
Meninas piscinas
Prantos pacatos
Lisos problemas
Dance grudado no seu amado
Se não existem navalhas
Memórias de cana
Estradas falantes
Se não existem mirantes
Profecias declaradas
Encontros partidos
Junte tudo
Em um grito
Esque(cimento)
Era preciso calar o corpo
Ser feliz no altar
Lançar a boca na noite
Ser rouco
Momento de ruptura
Era preciso matar aquilo que há por dentro
Sempre sendo
Qualquer coisa
Em pronta perda
Em transatlânticos
Em prantos abortos no atravessar da rua
Era preciso ser nua
Em oceano atlântico
Parabólica máscara
Radar de grande valia
Ser moderno em liturgia
Ser lúcido em poesia
Contradição
Era preciso um momento vão
Derramar minha garoa
Era preciso de proa
Em discussão de casamento
Velejar outro vento
Beber a cidade num copo com gelo
Virar desterro
No meu momento
Era preciso ruir os ossos
Achar o que late dizendo
Cobrir as orelhas de sol
Se proteger das horas
A velha maldição do tempo
Cobrindo a pele novamente e sempre de esquecimento
Ser feliz no altar
Lançar a boca na noite
Ser rouco
Momento de ruptura
Era preciso matar aquilo que há por dentro
Sempre sendo
Qualquer coisa
Em pronta perda
Em transatlânticos
Em prantos abortos no atravessar da rua
Era preciso ser nua
Em oceano atlântico
Parabólica máscara
Radar de grande valia
Ser moderno em liturgia
Ser lúcido em poesia
Contradição
Era preciso um momento vão
Derramar minha garoa
Era preciso de proa
Em discussão de casamento
Velejar outro vento
Beber a cidade num copo com gelo
Virar desterro
No meu momento
Era preciso ruir os ossos
Achar o que late dizendo
Cobrir as orelhas de sol
Se proteger das horas
A velha maldição do tempo
Cobrindo a pele novamente e sempre de esquecimento
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Ilustração: Marta Bevacqua |
*
Você que rima com
Paris
Veneza
Praga
Tejo
Que manejo com Camões
Neruda
Hilda
Bocage
Você que é voragem
Destilado
Em meu fogo
Fermentado
Você que é do avesso
Me remexo
Dentro
Do seu subtexto:
Pedaços brutos de poesia
Entre os passos do meu sapato
Trespasso meu corpo
De ultraleve
No meio de um dia-aspirina
Um bilhete-de-guardanapo
Abandonado em balcão de padaria
Intensidade, é noite
Por onde ando volante
De caminhão-doce
Sem amante
De outro prumo vou sem juízo
Um rumo metafísico
Verso de engano
Sentimento latino na mão
Gesto dolorido
Um salto tamanho
Voz de soprano
Batendo no asfalto
Sem rede de proteção
Por que não?
Trespasso meu corpo
De ultraleve
No meio de um dia-aspirina
Um bilhete-de-guardanapo
Abandonado em balcão de padaria
Intensidade, é noite
Por onde ando volante
De caminhão-doce
Sem amante
De outro prumo vou sem juízo
Um rumo metafísico
Verso de engano
Sentimento latino na mão
Gesto dolorido
Um salto tamanho
Voz de soprano
Batendo no asfalto
Sem rede de proteção
Por que não?
Além de poeta, Davi Kinski traz em sua bagagem uma carreira no teatro e pelo cinema. Formado como ator pela Actor School Brazil e em cinema pela Academia Internacional de Cinema, Davi dirigiu sete curtas-metragens, dentre eles, Cineminha. Foi convidado a participar do Festival Italiano Curto In Brae do Portland American Film Festival. Ainda como ator passou por diversas escolas, entre elas FAAP, Wolf Maya e Studio Fátima Toledo. Participou do filme Nome Próprio, de Murilo Salles, que lhe rendeu a indicação de melhor ator no Festival de Gramado de 2008. Davi também atuou em 5 curtas metragens exibidos em diversos festivais. No teatro, encenou Aurora da Minha Vida, Lisístrata, Bailei Na Curva e O Grande Jardim das Delícias de Fernando Arrabal. Em 2011 encenou seu primeiro monólogo Lixo e Purpurina baseado em textos de Caio Fernando Abreu, cumprindo uma temporada esgotada no SESC Pompéia. Em 2012, abriu sua produtora a Play Cultural, uma das produtoras responsáveis pelas últimas temporadas de Bibi Ferreira em São Paulo entre outros projetos. Atualmente grava seu primeiro longa documentário POEMARIA onde se debruça em registrar a poética de nossos tempos. No início de 2014 Davi lançou seu primeiro livro de poesia Corpo Partido pela Editora Patuá, que se encontra agora em tradução para publicação na França.