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Ilustração: Diana Pinto |
Inês Desacontecida.
a menina que compactuava com
o capeta
não me intimidava
com sua lingerie roxa
os faróis não vão
te esperar
nas fumaças dos cigarros
no cheiro do café
meus vícios são dramas sem fim
oh, como são lindas as segundas de Candomblé
temperos fortes nos pratos pequenos
oferendas radioativas pra Xangô
pra dar continuidade
nos boquetes mal feitos
depois dos 16 anos
levam um bocado de mim
corpos sóis
chamuscados de sol
dos orgasmos transparentes
carícias
siriricas
manhas infames
meus olhos perfumados
o aborto que acontece
vestidas de crianças
fetos sorridentes
nas cortinas
mães choram
depressivas dormem
o sono profundo
sono de tarja preta
e aguardam noites quentes
fidelidade é um sonho
e eu só tenho duas cervejas pra passar uma madrugada
pela metade.
o capeta
não me intimidava
com sua lingerie roxa
os faróis não vão
te esperar
nas fumaças dos cigarros
no cheiro do café
meus vícios são dramas sem fim
oh, como são lindas as segundas de Candomblé
temperos fortes nos pratos pequenos
oferendas radioativas pra Xangô
pra dar continuidade
nos boquetes mal feitos
depois dos 16 anos
levam um bocado de mim
corpos sóis
chamuscados de sol
dos orgasmos transparentes
carícias
siriricas
manhas infames
meus olhos perfumados
o aborto que acontece
vestidas de crianças
fetos sorridentes
nas cortinas
mães choram
depressivas dormem
o sono profundo
sono de tarja preta
e aguardam noites quentes
fidelidade é um sonho
e eu só tenho duas cervejas pra passar uma madrugada
pela metade.
Comprimidos Sete.
não precisa saber de mim
meu jogo é o mesmo
garotas, drogas
putaria franciscana no sofá da sala
o boicote do eclipse lunar
nas varandas miseráveis
boquetes redentores
onde as bestas sorrateiras mijam nas calçadas
louvo a carne das bocetas que
chupo
fones de ouvido não me dizem nada
meu carnaval é decadente demais
nas memórias do fim
não choro sob o sol
não quero Vênus
quero as tetas macias de Oxum
quero gozar no seu relógio
derreter os ponteiros do seu cu
minhas veias já estão entupidas por excessos
escorrendo os pedaços
dum inferno de anos atrás
não pude entender a Letícia
a Amanda e nem a Priscila
deixei elas irem embora
sem me desculpar
e fiquei aqui sozinho
espiando passarinhos
na janela da cozinha.
meu jogo é o mesmo
garotas, drogas
putaria franciscana no sofá da sala
o boicote do eclipse lunar
nas varandas miseráveis
boquetes redentores
onde as bestas sorrateiras mijam nas calçadas
louvo a carne das bocetas que
chupo
fones de ouvido não me dizem nada
meu carnaval é decadente demais
nas memórias do fim
não choro sob o sol
não quero Vênus
quero as tetas macias de Oxum
quero gozar no seu relógio
derreter os ponteiros do seu cu
minhas veias já estão entupidas por excessos
escorrendo os pedaços
dum inferno de anos atrás
não pude entender a Letícia
a Amanda e nem a Priscila
deixei elas irem embora
sem me desculpar
e fiquei aqui sozinho
espiando passarinhos
na janela da cozinha.
Lorenzo Hiperativo.
confunde estações do ano
não da a mínima
pra porra do calendário chinês
não cumpre as horas marcadas
e dispersa veneno noutros caras
pesadelos bêbados
sem pé nem cabeça
lambe os beiços
no meio dia
da vida
seus segundos demoram demais
suas cores elaboradas
abstratas sem calma
sorrindo o desamor
dando na calçada
desesperada
pra se vingar
confesso que cansei da sua sodomia
das sessões de tortura
com o dedo no meu reto
o linchamento sentimental que era estar contigo
prefiro ver outras moças engolindo
meu amor
do que deixar escorrer nas suas coxas...
Siririca Apoteótica.
ofereço o fogo
dos incêndios criminosos
deuses kamikazes
ensopados com gasolina
transplantados
tristes fisionomias
dos crentes
caricaturas acanhadas
no futebol de quarta
não gritam gol
perdoam demais
e não comem o cu das esposas
tento assoviar possibilidades
peco inconsciente
traio a carne ainda quente
safadezas contemporâneas
viva ás orgias na era digital
quando o inferno se torna real
e ninguém bate palmas pro meu sadismo particular
pra consolar o desprezo
beba cachaça
desrespeite o remorso
receba á providência divina
de cueca no sofá
não acredite
se puder odeie de propósito
pessoas boas não existem
As Garotas do São Manoel...
esqueci teu semblante
noutras molduras
de sorrisos escondidos
minhas obscenidades
penduradas nos varais
secas ao sol do meio dia
nos ralos dos banheiros
onde eu mijei e
gozei
gosto de café e de cachaça
de mulheres
e de futebol também
de pelos descoloridos
esse é o presente que Xangô
me deu
as peles marrons
que assoviam nuas
canções improvisadas
sem planos pro amanha
simplesmente acontecem
no mormaço do bafo quente do ventilador de teto
oficina de pecados
colecionando segredos
esquecendo o passado num trago.
noutras molduras
de sorrisos escondidos
minhas obscenidades
penduradas nos varais
secas ao sol do meio dia
nos ralos dos banheiros
onde eu mijei e
gozei
gosto de café e de cachaça
de mulheres
e de futebol também
de pelos descoloridos
esse é o presente que Xangô
me deu
as peles marrons
que assoviam nuas
canções improvisadas
sem planos pro amanha
simplesmente acontecem
no mormaço do bafo quente do ventilador de teto
oficina de pecados
colecionando segredos
esquecendo o passado num trago.
André Rocha, 27 anos. Depois de ser fichado inúmeras vezes pela polícia, o autor entrega sua hostilidade para a literatura marginal e publica o seu primeiro livro de poemas Suzana sem calcinha na calçada de paralelepípedos, pelo Editora Carrancas, 2015. André tem textos publicados no jornal Elefante de Menta e mallarmargens e escreve no blog: http://andrerocha171.blogspot.com.br e escuta samba aos domingos.