A SÉTIMA ESPOSA
A minha sétima esposa terá no cabelo uma flor tropical
Falará o idioma dos anjos
Enquanto recita Baudelaire tomando chá.
Será menos chata que as predecessoras
Ouvirá Baden Powell e falará palavrão.
Não serei seu primeiro nem seu último homem
Serei um caminho apenas, um leito apenas
Apenas um. Eu a encontrarei triste
Fumante lendo Vinícius.
Minha sétima esposa pregará ideias de Simone De Beauvoir
E sofrerá ao ver suas amigas submissas
E sua inabilidade em admoestá-las.
Gostará de Caetano e Chico, mas reverenciará Tom Zé
E qualquer outro que soe mais crítico que poético.
Lerá meus poemas, e ao ler este, saberá da minha ridícula intenção
De subjugar o destino, de traçar um ideal longínquo
Será tenaz ao ler os seis poemas para as seis outras esposas:
Do engomadinho que fui por onze páginas,
Porém saberá que de tão ridículo, talvez eu a ame com um amor diferente do anterior.
Falará o idioma dos anjos
Enquanto recita Baudelaire tomando chá.
Será menos chata que as predecessoras
Ouvirá Baden Powell e falará palavrão.
Não serei seu primeiro nem seu último homem
Serei um caminho apenas, um leito apenas
Apenas um. Eu a encontrarei triste
Fumante lendo Vinícius.
Minha sétima esposa pregará ideias de Simone De Beauvoir
E sofrerá ao ver suas amigas submissas
E sua inabilidade em admoestá-las.
Gostará de Caetano e Chico, mas reverenciará Tom Zé
E qualquer outro que soe mais crítico que poético.
Lerá meus poemas, e ao ler este, saberá da minha ridícula intenção
De subjugar o destino, de traçar um ideal longínquo
Será tenaz ao ler os seis poemas para as seis outras esposas:
Do engomadinho que fui por onze páginas,
Porém saberá que de tão ridículo, talvez eu a ame com um amor diferente do anterior.
O CÃO: MEU GUIA
Eu agradeço
Ao dia que do berço de cimento
Meus pés quebraram blocos
E feito um intruso invadi o mundo
Aos berros e erros às guerras
E guelras dos meus peixes
Elétricos como enguias.
Ao dia que do berço de cimento
Meus pés quebraram blocos
E feito um intruso invadi o mundo
Aos berros e erros às guerras
E guelras dos meus peixes
Elétricos como enguias.
Tenho um santo que me desvia
Mas preso ao calcanhar
Um cão que me guia.
Mas preso ao calcanhar
Um cão que me guia.
A SAUDADE É UMA VACA
A saudade é uma vaca andando na Índia
Por entre carros e rostos
Prestes a cruzar ruas e avenidas.
As marcas nas patas, os olhos de piedade
A saudade é a sagrada deusa
Que perambula entre a gente, na frieza do sorriso
E no calor do sol.
Não para, não corre, calma percorre
Seu curso se alimentando do que recebe.
Rumina a todo instante o vazio
Habitável do seu grande estômago.
Por entre carros e rostos
Prestes a cruzar ruas e avenidas.
As marcas nas patas, os olhos de piedade
A saudade é a sagrada deusa
Que perambula entre a gente, na frieza do sorriso
E no calor do sol.
Não para, não corre, calma percorre
Seu curso se alimentando do que recebe.
Rumina a todo instante o vazio
Habitável do seu grande estômago.
A saudade anda entre bilhões
E para no meu porta-retratos.
E para no meu porta-retratos.
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Kauan Santos Almeidaé baiano, nascido em 1992, mora em Santa Cruz Cabrália – BA. Escreve porque a vida pede, e a vida é uma déspota carrasca, que condena todos os súditos à normalidade quando não obedecem suar ordens. Participou de algumas antologias e pode ser lido em sua página pessoa do Facebook.