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parede/alma I /Mari Quarentei |
ouço a chuva
são ordens do pai
o sono
um abismo de náuseas
correm beijos
entre
as pernas
um rio
tantas portas
são
luz
e
delicadíssima
a neve
dos seios
*
ele
fortes vagas
arrebentação
sismos insatisfeitos
pleno de doçura
há horas.... se fora
ela
silêncio necessário...
corpo pulso membrana
acorda... em oração
abrir a blusa
ser tocada
pelo ínfimo do ar
ardil singelo
ele-ela
inscrevem
em pequeno mistério
no espaço das artérias
a luxúria de Deus
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parede/alma II/Mari Quarentei |
*
todos [são]
um poema
só
um
sussurro
surdo
que ronda
en canto inaudito
o im provável
. . . ser
*
os corpos
à cidade
ocultam-se
insuportáveis poemas
Mari Quarentei, libriana de São Paulo/SP. Terapeuta ocupacional implicou-se desde os anos 80 com a desconstrução do manicômio, a criação de novos modos para acolher a loucura e de dispositivos híbridos entre clínica, vida e arte. Em 2010 retoma a escrita poética a partir do contato com a cena artística de Curitiba, onde reside desde 2013 e participa do Coletivo Marianas. Seu trabalho se dá a conhecer nos saraus, na rede... bem informalmente. Publicou "caderninho de Imagem I " com Simone Ferreira pela ”quaseeditora", Curitiba 2014. É artista visual / pós-graduanda em Poéticas Visuais com o experimento: Dar a palavra ...à palavra: entre a escrita e pintura.
https://www.facebook.com/mari.quarentei