![]() |
Imagem de http://calcadaportuguesa-roc2c.blogspot.com.br/ |
[atriz]
serena .
tarde esquecida dessa cena
oblíqua .
resisto ao que m’ invade
antena:
de.ser-tÃo
desconserto em tantos mundos
giro .
rodopio sobre o muro
insana .
bastidores tremem sem frio
esgano solidão que te alicia
fria .
Malena sem dragão
vendo sorrisos de toda dor
vírgula .
pré interrogação .
só .
sem palco,
apelo aos estilhaços que te chegam
chaga .
até a corrosão completa desse peito
aberto em público
ato .
sem forma
em desassossego equilibrado
pétala .
pálida cortina que m’encerra
esquálida .
desbravadora de tuas vozes
esganiçada .
perco colores findas
em marcha por teus olhos semicerrados
atalho .
pós-palhaço
feito de lágrimas e purpurinas
tétrica .
amasso enredos sem ruge,
falidos por entre os dedos
espera: deixa . não!
sempre tu,
Narciso quebrado em teus espelhos
[de Orfeu]
luz que brota em teus acenos vem e me espraia . tãoperto.distante . deusa.calma te converte desse sonho .onírico escarcéu escorrega por teus passos . Orfeu de gabinete ainda que testem tua galhardia .pisada ressabiada, eis a vida . orgulho vai na lapela, mal disfarçado de etiqueta . império esquecido a ruir por dentro . encaro a dobra em que me sei . pela cidade, bondes te esperam . pelas tabernas, todas as mulheres . teu lápis rabisca (in)versos de agora . em cada pegada um registro de incertezas . também vacilas, mesmo imortal . por palavras um cancioneiro alça futuros . um desses aqui escrevo .
[an.águas]
pés descalços
molham teus sonhos
em passos
descuidados
molham teus sonhos
em passos
descuidados
por esquinas de areia
deixo espelhos
e teus degredos
enlatados
deixo espelhos
e teus degredos
enlatados
n’outras baías
escorraço
ilustres abraços
engessados
teu banho,
Maria,
jaz dessalgado
em pranto sem mar
revolves
soluços velhos
em vã tentativa
dere.ter teu futuro
anárquica saia rodada
jaz molhada
e não revela mais
do que escondes
teu seio pulsa
mesmo que inglórias
sejam as marcas
que ainda são de dor
de areia e céu
são teus ofícios
rimados
n’outros fios
teus rios
sangram
em veios
de solidão
anoitece em teu palco
onde baila
luz marinha
e nunca é dia
mãe d'água,
devo-te fantasia
e te peço perdão
ao esgarçar tuas an.águas
devo-te fantasia
e te peço perdão
ao esgarçar tuas an.águas
[car.ess.ência]
carece do meu
teu olho
teu olho
nosso lume
não se faz de aceso.acaso
não se faz de aceso.acaso
em nossas retinas
luso.fusco.mar
luso.fusco.mar
farol apaga
vela da noite
vela da noite
mirantes olhos
d'esguelha
d'esguelha
fito teu dentro
desafio
desafio
rocas nos fiam
cordões de amar
cordões de amar
pedras portuguesas
mandam postais
mandam postais
e nada sei do que virá
só das quintas
só das quintas
algum possível inferno
ou taverna
ou taverna
dos carneiros
chamo o frio
chamo o frio
de ti
um verso.rio
um verso.rio
n’outras calmas
Portugal
Portugal
Andréa Mascarenhas nasceu no Rio de Janeiro. Reside em Salvador – Bahia | Brasil. Ficou classificada em 13º lugar no 'XII Festival de poesia, crônica e conto', organizado pela Fundação Cultural de Imperatriz, no Maranhão (2001). Edita um Blog literário (http://www.arquivosimpertinentes.blogspot.com.br/). Tem poemas e outros textos literários publicados no Canal SUBVERSA(literatura luso-brasileira), em Coletâneas poéticas da Pastelaria Studio (Portugal), na Elipse(Revista literária galego-portuguesa) e participação em publicações da Editora Pragmatha (Brasil), entre outras. Mestre em Literatura e Diversidade Cultural (UEFS). Doutora em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. É professora e pesquisadora da área de Literatura (UNEB). Arrisca-se na escrita poética desde meados da década de 1990. Cultiva a escrita manuscrita, em cadernos, cadernetas, folhas avulsas, além da escrita instantânea/digital, "jogada" aos frios espaços do byte. Entende literatura sempre no plural, como uma espécie de magia, feita de algo impreciso que de repente acontece entre sons.gestos.palavras. Por isso a estende muito além da profissão.