Quantcast
Channel: mallarmargens
Viewing all articles
Browse latest Browse all 5548

4 poemas de Verónica Aranda

$
0
0
     
Ilustração: Luiza Caetano
                  


                        Madragoa


Eran los días de las sensaciones.
Erré por la ciudad, me deslumbraba
la intensa luz de Praça do Comercio.
Lisboa me acogía y era libre,
en el anonimato del marino,
del fugitivo o del recién llegado
con el impulso de abarcarlo todo.


Fue así como llegué hasta Madragoa
aquel lunes ocioso que se abría
en miles de azulejos. De repente,
el miedo de minúsculas tabernas

donde almorzaban los descaminados.



      Madragoa


      Eram esses dias das sensações.
      Errei pela cidade, deslumbrava-me
      A intensa luz da Praça do Comércio.
      Lisboa acolhia-me e era livre
      no anonimato do marinheiro,
      do fugitivo ou do recém chegado,
      com o impulsode abarcar tudo.

      Foi assim que cheguei à Madragoa
      naquela segunda-feira vadia
      que se abria em milhares de azulejos.
      De repente, o medo de tabernas minúsculas,
      onde  almoçavam os descaminhados.




   Miradores


Los múltiples Pessoas sugerían
ir a leerlos a los miradores
ante el primer café contemplativo.



      Miradouros


Os múltiplos Pessoas sugeriam
ser lidos a partirdos miradouros
no primeiro café contemplativo.



Ilustração: João Pinto



                        Fugitiva

                       “Nas nossas ruas, ao anoitecer,
                       Há tal soturnidade, há tal melancolia,
                       Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia
                       Despertam-me um desejo absurdo de sofrer.”
                                                           CESÁRIO VERDE



A veces no sé bien a dónde ir;
voy como fugitiva por las cuestas.
Con tal de no elegir, mi indecisión
cobra un lejano eco de pisadas
sobre adoquines rotos y lo inútil
de deshacer madejas cenicientas.

Miro a los gatos negros a los ojos
en plazas esotéricas y aspiro
a diluirme, a solas, en zaguanes
que conducen a Graça. Y hasta ideo
suicidios por fragmentos, ir saltando
desde cada colina y despertarme
en el leve sopor de los azahares
que tienen por corona los vencidos.

Muy poca gente me echaría en falta
en este extremo donde acaba Europa,
sueño de los audaces navegantes.



                        Fugitiva
                       “Nas nossas ruas, ao anoitecer,
                       Há tal soturnidade, há tal melancolia,
                       Queas sombras, o bulício, o Tejo, a maresia
                       Despertam-me um desejo absurdo de sofrer.”
                                                           CESÁRIO VERDE



     Às vezes não sei bem para onde ir;
     ando fugitiva pelas ladeiras.
     para não optar, a mina indecisão
     cobra um longínquo eco de pisadas
     sobre as quebradas pedrasda calçada
     e a inutilidade de desfazer
     madeixas cor de cinza.

     Olho para os olhos dos gatos pretos
     em praças esotéricas e aspiro
     diluir-me, a sós, nos saguões
     que conduzem à Graça. E até ideio
     suicídios por fragmentos, ir saltando
     desde cada colina e acordar
     no sopor das flores de laranjeira
     que têm os vencidos como coroa.

     Muito pouca gente sentiria a mina falta
     Neste extremo ondeacaba a Europa,
     sonho dos audazes navegantes.




                        Estação de SantaApolonia (Alfama)


Bajé en una de aquellas estaciones
donde nadie te cuelga una guirnalda
de claveles naranjas al llegar.


Y fuera, la ciudad, que se encendía
entre puentes metálicos y hoteles
con olor a toallas y salitre,
en esa hora precisa
en que los vendedores se diluyen,
dejando únicamente amontonados
los restos de la feria y el maíz.


Entonces, sólo entonces, en la sala
de espera rebosante de viajeros
sentados en maletas de derrota,
tuve la lucidez del desencuentro.


Miré el azul celeste colonial
que tenían los muros, evocando
viejas cartas de amor fechadas en La Habana.





      Estação de SantaApolónia (Alfama)


      Desci numa daquelas estações
      onde ao chegar ninguém te pendura
      uma grinalda de cravos laranja.

      E fora a cidade, acesa
      entre pontesmetálicas e hotéis
      com cheiro a toalhas e a salitre,
      nessa hora precisa
      em que os vendedoresse diluem,
      e deixam somente amontoados
      o que resta da feirae do milho.

      Então, apenas então,
      na salade espera a transbordar de viajantes
      sentados sobre malas de derrota,
      tive a lucidezdo desencontro.

      Olhei o azul celeste colonial
      que tinham os muros, a evocar
      velhas cartasde amor datadas em Havana.



     De Alfama(Centro de poesía José Hierro, Getafe, 2009)
     Tradução: Àlex Tarradellas e Rita Custódio



Verónica Aranda (Madrid, 1982).Tem morado em Itália, Bélgica, Portugal, India e Marrocos. Fez estudos de Filologia Hispánica na Universidade Complutense de Madrid e o mestrado na Universidade Nehru de Nova Delhi (India). Recebeu os prémios de poesia: Joaquín Benito de Lucas, Antonio Carvajal de Poesía Joven, José Agustín Goytisolo, Arte Joven de la Comunidad de Madrid, Margarita Hierro, Fernando Quiñones, Antonio Oliver Belmás, El Buscón, e o Accésit do premio Adonáis 2009. Publicou os poemarios: Poeta en India (Melibea, 2005), Tatuaje(Hiperión, 2005), Alfama (Centro de poesía José Hierro, 2009), Postal de olvido (El Gaviero, 2010), Cortes de luz (Rialp, 2010), Senda de sauces (Amargord, 2011), Café Hafa (Tres Fronteras, 2012, 2ª edición en El sastre de Apollinaire, 2015), Lluvias Continuas. Ciento un haikus(Polibea, 2014) e La mirada de Ulises (Corazón de mango, Colombia, 2015). É tradutora de poesia portuguesa e brasileira contemporânea e do poeta nepalés Yuyutsu RD Sharma, Poemas de los Himalayas(Juan de Mairena libros, 2010. 2ª edición Nirala, Delhi, 2015). Participou de Encontros internacionais de poesi aem Portugal, India, Marrocos, no Festival de Mulheres Poetas de Cereté (Colombia) y na Feira Internacional do livro da Havana (Cuba). 

Dirige o blog “Poesía nómada”: http://veronicaaranda.blogspot.com

Viewing all articles
Browse latest Browse all 5548

Latest Images

Trending Articles