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Ilustração: deviantART |
Encomenda
Hoje
um trecho do mar
chegou em casa.
Tem dias que não chega nada.
Tem dias que chega o óbvio.
Tem dias, como hoje,
que chegam coisas grandes.
Mar, montanha, onça.
Às vezes, cidades inteiras
vistas de cima.
O vão
entre a porta e o chão
é uma espécie
de portal
um trecho do mar
chegou em casa.
Tem dias que não chega nada.
Tem dias que chega o óbvio.
Tem dias, como hoje,
que chegam coisas grandes.
Mar, montanha, onça.
Às vezes, cidades inteiras
vistas de cima.
O vão
entre a porta e o chão
é uma espécie
de portal
Recomeço
coloco
e tiro
recoloco
e retiro
das caixas
a falta
de rotina
que acostumei
a ter
acumulo
mais recomeços
do que fins
Desordem
Passava uma mão nos cabelos
domando os fios
que brigavam
com o vento
Com a outra mão
domava a saia
que subia e descia
causando vergonha
nas coxas brancas
Com menos mãos
do que queria
domava o que dava
e seguia
Bipolar
mudo
de planos
todos os dias
ontem
não te quis
hoje
te quero
amanhã, não sei
talvez te ame
talvez você
nem esteja mais
nos meus planos
tirou do armário
o que não servia
não queria
e nem sabia
que tinha
tirou tudo
e colocou de volta
só o que usaria
o par de asas
ficaria ótimo
com os pés descalços
Mariana Teixeira é poeta e autora dos livros Inversos Paralelos (JAC Editora, 2013) e O que tirei da mala (Editora Patuá, 2015). Tem textos publicados nos dois volumes da antologia Hiperconexões: realidade expandida (Editora Terracota, 2013 e Editora Patuá, 2014), a primeira antologia de poemas sobre o pós-humano da literatura brasileira, organizada pelo escritor Luiz Brás. Em 2014, participou do Festipoa – Festival Literário de Porto Alegre, declamando poemas de seu primeiro livro. Também é criadora do projeto Gota a Gota (https://www.facebook.com/duplagotaagota?fref=ts), que reúne poemas e ilustrações.
Blog: (www.correndocomosdedos.blogspot.com.br https://www.facebook.com/CorrendoComOsDedos?fref=ts)