É belo o poema que traz
Nomes de flores
E une a arte do Deus
À solidão de um só homem.
O poema que tem o olor
Das violetas, que transforma n’algo
O lírio e recorda quão delicada
É a criação.
Nomes de flores
E une a arte do Deus
À solidão de um só homem.
O poema que tem o olor
Das violetas, que transforma n’algo
O lírio e recorda quão delicada
É a criação.
José de Arimateia
Se houve quem
Incompreendesse
O momento
Incompreendesse
O momento
Foi este
De que pouco se sabe
De que pouco se sabe
Cujo peito
Na noite sentiu o esplendor
Dum morto
Seu amigo
Na noite sentiu o esplendor
Dum morto
Seu amigo
E ouviu
Segredar no silêncio
Da terra, dos anjos
Segredar no silêncio
Da terra, dos anjos
Uma palavra só,
Incessante
Incessante
*
Não deveriam, os que bem me conhecem,
Saber que a minha é alegria contida,
Uma alegria falta?
Não saberias tudesta alegria à espera,
vela cuja chama de fogueira viera,
da qual, porém, notou-se apartada?
*
AS. João da Cruz
Quando, Juan,
Adentras a noite
A fim de saciar a sede do Amado,
O que se dá
– perguntamos –
No esplendor do silêncio?
Uma centelha breve, um frêmito;
A ternura do repouso, demorado?
Quando sais e não te moves,
Como buscas?
Pois se a luz que te chama
Bem ao fundo a nós se revela,
Aprestar-se é difícil
E adormece-nos a noite.
Hugo Langone é pai, mestre e doutorando em Teoria da Literatura, tradutor de autores como S. João da Cruz, Roger Scruton, Leo Strauss, Lionel Trilling e Bernard Lonergan, entre muitos outros. Aventura-se, também, pela crítica literária. Nasceu no Rio de Janeiro, onde mora com esposa e filhos.Publicou, recentemente, seu primeiro livro: Do nascer ao pôr do sol, um sacrifício perfeito (7Letras).