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4 poemas de Hugo Langone

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É belo o poema que traz
Nomes de flores
E une a arte do Deus
À solidão de um só homem.
O poema que tem o olor
Das violetas, que transforma n’algo
O lírio e recorda quão delicada
É a criação.




José de Arimateia
Se houve quem
Incompreendesse
O momento
Foi este
De que pouco se sabe
Cujo peito
Na noite sentiu o esplendor
Dum morto
Seu amigo
E ouviu
Segredar no silêncio
Da terra, dos anjos
Uma palavra só,
Incessante



*
Não deveriam, os que bem me conhecem,
Saber que a minha é alegria contida,

Uma alegria falta?

Não saberias tudesta alegria à espera,
vela cuja chama de fogueira viera,

da qual, porém, notou-se apartada?



*
AS. João da Cruz

Quando, Juan,

Adentras a noite

A fim de saciar a sede do Amado,
O que se dá

– perguntamos –

No esplendor do silêncio?

Uma centelha breve, um frêmito;
A ternura do repouso, demorado?

Quando sais e não te moves,
Como buscas?

Pois se a luz que te chama
Bem ao fundo a nós se revela,
Aprestar-se é difícil

E adormece-nos a noite.




Hugo Langone é pai, mestre e doutorando em Teoria da Literatura, tradutor de autores como S. João da Cruz, Roger Scruton, Leo Strauss, Lionel Trilling e Bernard Lonergan, entre muitos outros. Aventura-se, também, pela crítica literária. Nasceu no Rio de Janeiro, onde mora com esposa e filhos.Publicou, recentemente, seu primeiro livro: Do nascer ao pôr do sol, um sacrifício perfeito (7Letras).

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