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Ilustração: Barbara Cole |
Benta
Era ela uma mulher tarja,
uma mulher gravura em ermo desencanto;
borrada entre suores e gemidos extenuados
na desventura de um impresso que evaporou.
Era ela uma senda hermética
a olhar fixamente a terra dos homens empalhados,
a terra terna,
a terra trêmula;
onde sombras lampejam agonizantes
e pedras suplicam eretas os seios de uma colina anciã.
....
A persistência do tempo
O desamor permanece neste lugar,
como sempre fora.
Tudo aqui é falso: das luzes à escuridão
que ultraja espíritos revolucionários
tornando-os obscuras perversões,
convertendo desertos sombrios em jardins efêmeros
cujo ciclo, débil e indolente, insinua permanência.
Mas nem a superficialidade que esvazia o homem;
esmorecendo seu otimismo,
purgando esperança e amor com temor e preconceito;
nem a intolerância espectral e surda
que gorjeia antes e depois do alvorecer
extenuarão as lúgubres brumas do tempo.
Tereza Du'Zai, natural de Itajaí, SC, é poeta, contista, cronista e professora de Língua Portuguesa e Literatura. Atualmente, a autora tem se dedicado à produção, à organização e à divulgação de sua obra literária.