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4 poemas de Jandira Zanchi

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Ilustração: Dariusz Klimczak 



ANÉIS

lento e vacilante
armado entre cordas
   metafísicas?
de madre madeira
      miúda
maciça
          mágica
frágil fagulha

canto codificado
dos refrões
esfriados
paciente entre
modos de maneirismo
enfim, tão longo quanto o vento
que assopra suas fase de lua
                                 e lágrima
é a espuma branca
    estóica estimada esperança

cálida performance entre anéis
entrelaçados.....



CINZA NEGRITO

é uma noite que se solidifica em crespa lua de cetim
carmesim dourado na circunferência – mediana –
de um sonho, opaco de delírios, marítimo ventre
estendido nessa calada consciência
despregada de suas firmezas e virtudes

existe o esquecimento na abertura ,em viés,  do canto
da águia – morena morosa  - de pulso leve e fresco
alterado até uma fractal fronha de fáceis anseios

já perfilados entre outros entes
amores e sonhos perfuram parcos
pêssegos – alegóricos e alheios –

entende-se, enfim, que movidos de um sustenido de som ou pedido
o calabouço dessa vontade era cinza negrito estreitado e sem preces
perfil paralítico (insone) de contagens em que o critério
do amanhã  do tempo  da fome  da fonte da maresia e sua alegria
apenas  formatavam os corredores do ..................prazer.


Ilustração: Dariusz Klimczak 


ARTIGO

marrom e fogo
nesses olhos de foca fóssil
      faminta
de relidas vidas de antanho

nenhum presente
outros ausentes

o arqueiro – com fibra –
      estica o arco

a amplidão (quase azul)
da movimentada e silenciosa
troca de ímpares
ainda que se depare

chama-se de arte
    ou artigo
artefato de matéria
moído e móvel

conto de um outro tempo.



ÂNFORA

crescente
criado
            mudo
alado de vento no vão – faísca – de alguma tarde
envolvido no inválido e sano sanado algoz
de pardos perdidos
                     -  esses seres contrafeitos -
de medidas e finas
                                   malévolas sentenças de
fim/princípio de tempos
cavernosos nos diafragmas de valentes espaços

cruzada é minha mente
(cada vez mais ausente)
puída de suas visagens vaga-lumes
- cardumes de estrelas
- feitio branco no rastro do antecedente

ânfora de muitas bicas
seresta dos soníferos acordes de alguns vazios.




Jandira Zanchié poeta e ficcionista. Atuou no magistério no ensino de matemática e física em faculdades, colégios e cursos. No final dos anos 80 foi professora cooperante na Universidade Agostinho Neto - Faculdade de Ciências, Luanda - Angola. Em Curitiba por cerca de dez anos esteve na FAE - Bussiness School. Como poeta publicou Gume de Gueixa (Editora Patuá, 2013), Balão de Ensaio (Editora Protexto, 2007) e o livro virtual A Janela dois Ventos (Emooby, 2012). Tem lançamento para breve de Área de Corte com a  Editora Patuá. Entre outras antologias participa de Saciedade dos Poetas Vivos vol 1, Poesia para mudar o mundo vols. I e II do site Blocos Online. Integra o conselho editorial de mallarmargens revista de poesia e arte contemporânea. Os poemas selecionados acima são inéditos.


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