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DO EXCESSO DA LUZ

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/ Luís Costa /



O POETA

Poisa a cabeça sobre a pedra
nua   mas fechada

o seu ofício é traduzir
o silêncio

*

O poeta é um bebedor
do excesso da luz
é aquele que aprendeu a decifrar
a línguagem das coisas mudas


O CORPO EXPOSTO

O galope dos cavalos
sangrando na memória

velhos rituais:

o arco
          e a lira
                    a dança

assim o verbo abre caminhos
pelo caudal secreto

exposto
às lâminas arcaicas


HOMOGRÁFICO II

Aqui crescerás pela escadaria abissal
degrau após degrau
até às charruas da boca

na verticalidade da
sabedoria de que o mundo é o teu olhar

ainda cego de tanta luz


A MARGEM , O CENTRO

Cultivo as margens e delicio-me
com o vento que passa.
os grandes centros e os heróis
nunca me interessaram.
antes os anti - heróis, raças baixas,
criaturas fabulosas
e os exímios habitantes das fronteiras.

*

Também os poemas morrem
como  veados ágeis , caindo sob
o olho sanguíneo do caçador.

*

Um verso, um único verso, como este:
receber-te como um crime sagrado.



Hommage à Goya
Odilon Redon

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