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BRENNAND [poema de alexandre guarnieri]

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brennand


o auto-exílio em local do qual já não há retorno
-- é doloroso olhar de lá (pelo que se suporia pagar) --,
a velha e remota olaria, entretanto tão familiar;
soldados e abutres guardam o topo das fachadas, que,
entre si, por seus últimos limites, se interligam,
todas viradas para dentro dessa praça, desse lago
onde, pelo fogo, algo novíssimo se inaugura/
muito embora, desde o início, seja algo já nascido antigo,
mundo pelo qual, em algumas horas, se carburaram
os milênios de sua própria morfogênese essencial;
há cabeças para cujos troncos, todos, existem apenas pescoços,
(correm os dias longos, e ardem, as noites intermináveis) 
há mil e hum problemas resumidos num único dilema,
há pássaros sem asa (como nos paradoxos), e ovos,
chocados em pleno voo; o sono cujo pesadelo
é o ininterrupto rio transbordante (carrega
o medo da morte) mas a aceitação, ao mesmo tempo,
de todas as zonas fronteiriças, da criação à eternidade.





O artista Francisco Brennand





fotos da Oficina Brennand



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