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5 poemas de Benny Franklin

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[ A SOMBRA E O SILÊNCIO ]

Para Edyr Augusto Proença

Eu não tenho 
nem 
uma sombra. 
Sou: 

Um silêncio pensativo 
que olha para 
o mundo 
a partir de 
seu 
silêncio;

Um arqueiro 
que esconde o 
arco 
& a flecha 
de 
um arqueiro;

Um poeta-mundo 
avesso ao 
 
do orgulho;

Uma desbarrancada lágrima que
salta
como uma 
asa
na transparência 
do voo;

Uma 
ávida resistência
onde
tudo expele 
agoridade [ furor, 
ânima 
& uísque ];

Uma métrica incorreta 
que não sendo 
necessária 
dá a sensação 
de ser 
um antro 
de 
cérebro 
que antegoza 
diante 
do 
espelho.






[ LEGATÁRIO DOS QUE ESCREVEM VERSOS ]

"Não aprendi nos livros qualquer receita para a composição
de um poema"
(Pablo Neruda
)


Às vezes 
o 
que 
me 
barafusta 
[é o que surge oriundo do aprumo altruísta 
da paixão
movediça
que se 
aquilata 
ao tamanho 
do equinócio quase-humano 
da revolta ]:
é 
o 
que 
re-clarifica 
palheiros
de 
vértices 
que 
ignoro.

Às vezes 
o legatário 
dos que 
escrevem 
versos, 
é o imantado vômito 
que 
detesto 
[ almíscar de 
frontaria
com genitália 
em pânico ]:
álibi 
de 
poemação
que foge-me 
das mãos 
numa 
flecha 
intocável.

À noite 
o sol me 
desabrocha
― ai de 
mim!

  


[VERBO NU ]
  
I

Por desbocar o poema rumorizado,
impreciso, 
sujo,
pútrido – pústula do vômito anêmico –,
minha expiação 
rapta o jasmineiro 
do orquidário 
que 
alimenta as paixões abertas.

II

Verbo
nu
me revelo
ao underground marginal
como
espinho
de incitamento
E 
alicio
meus fantasmas
que encachacem
suas verborragias
E 
se revoltem
com as sórdidas traições
da mesmice.





FORMAS INCONSTANTES ]

Nunca buscamos as coisas / mas sim a busca das coisas"(Antonio Moura)

Para Olympio de Azevedo 

I

Vomitam na rabeta das inquietações 
na solidão cadavérica
os gerânios cinzelados 
com carvão. Corvos traiçoeiros,
tão distantes,
carcomem (vampirescamente) 
os paradeiros inconsúteis
de floreiros 
com as cores exageradas do céu 
& do inferno.

II

Ó gritos discordantes!
– Nós somos (infatigavelmente) 
formas inconstantes
& limos imprecisos de um uni-verso 
de grandes silêncios 
com níveis elevados de astúcias para saber 
exatamente 
onde iremos dar sem mais demora 
feito os que tomam conta 
das palavras rebeladas
que nos 
seguem 
pelos 
vapores emplumados.

III

São os punhos desafiantes que eu sempre busco 
com minhas insólitas blasfêmias 
de fogo.

(Daria tudo por uma única folha cantante
daquela madrugada perdida/meditativa
de outono passado.)

O entendimento do meu alter(fixo)ego 
é sincopado, 
voluptuoso;
contempla o tamborilar dos bumbos de trapo,
de onde meus olhos cobrem-se de ironia ferina
antes que os ceguem 
os escaravelhos vencidos.

IV

Masturbado, 
movo-me na rodagem
de qualquer poema visceral
até revestir-me de mistério 
& ficar 
com o mamilo direito
sobre 
o 
orgasmo daninho.




VERDADES CONVALESCENTES ]

Para Joãozinho Gomes

I

A que fonte metamórfica se destinam
as lágrimas sobressalentes das lonjuras transversais?

E a insaciedade 
(torturante, esquizoide 
ou seviciante)
dos punhados de primaveras enfermas
em fuga?

– Um fuzil agonizando
uiva na opacidade amarrotada
onde intersectam os refúgios das verdades convalescentes 
de antimatérias & de transmutações frígidas,
como uma multigota florescida
pendente 
no nada.

II

Quem se lembra das irrupções das falas irresolutas
carregadas de baforadas de fumos sedentos?

– Um soluçário tempestuoso 
talhado numa bigorna de ossos dilatados
arrebata a latrina dos proto-sonhos, 
suas voragens neblinosas absorvem as feridas,
como uma intransigente planície de silêncios,
como uma obscuridade alvorecente
incendiando o outono apunhalado,
como uma errância órfica 
esculpida em vidro volateado,
como uma procelosa solidão 
tropeçando
nas horas sem fim.


Ilustrações: Gilad Benari




Benny Franklin é ativista cultural, poeta por puro diletantismo e membro/colaborador de diversas sociedades culturais. Desde 2012 é organizer em Belém do evento global “100 Mil Poetas & Músicos Por Mudanças” – versão amazônica de “100 Thousand Poets For Change", o maior evento poético do planeta, realizado em mais de cem países.Vencedor por duas vezes do “Prêmio AP de Literatura" [versões 2006 & 2009],certame literário realizado pela Assembléia Paraense/Belém-PA [supervisão e julgamento da Academia Paraense de Letras], com as obras poéticas: "Exame de Consciência" e "Filamentos de Um Poema em Pedaços". Têm obras publicadas em blogs, sites e antologias. Em breve os livros “Chopps Bennyanos”, “Súplicas Marginais” e“Antipoemas Sujos”.

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