[ A SOMBRA E O SILÊNCIO ]
Para Edyr Augusto Proença
nem
uma sombra.
Sou:
Um silêncio pensativo
que olha para
o mundo
a partir de
seu
silêncio;
Um arqueiro
que esconde o
arco
& a flecha
de
um arqueiro;
Um poeta-mundo
avesso ao
pó
do orgulho;
Uma desbarrancada lágrima que
salta
como uma
asa
na transparência
do voo;
Uma
ávida resistência
onde
tudo expele
agoridade [ furor,
ânima
& uísque ];
Uma métrica incorreta
que não sendo
necessária
dá a sensação
de ser
um antro
de
cérebro
que antegoza
diante
do
espelho.
[ LEGATÁRIO DOS QUE ESCREVEM VERSOS ]
"Não aprendi nos livros qualquer receita para a composição
de um poema"
(Pablo Neruda)
(Pablo Neruda)
Às vezes
o
que
me
barafusta
[é o que surge oriundo do aprumo altruísta
da paixão
movediça
que se
aquilata
ao tamanho
do equinócio quase-humano
da revolta ]:
é
o
que
re-clarifica
palheiros
de
vértices
que
ignoro.
o
que
me
barafusta
[é o que surge oriundo do aprumo altruísta
da paixão
movediça
que se
aquilata
ao tamanho
do equinócio quase-humano
da revolta ]:
é
o
que
re-clarifica
palheiros
de
vértices
que
ignoro.
Às vezes
o legatário
dos que
escrevem
versos,
é o imantado vômito
que
detesto
[ almíscar de
frontaria
com genitália
em pânico ]:
álibi
de
poemação
que foge-me
das mãos
numa
flecha
intocável.
o legatário
dos que
escrevem
versos,
é o imantado vômito
que
detesto
[ almíscar de
frontaria
com genitália
em pânico ]:
álibi
de
poemação
que foge-me
das mãos
numa
flecha
intocável.
À noite
o sol me
desabrocha
― ai de
mim!
o sol me
desabrocha
― ai de
mim!
[VERBO NU ]
I
Por desbocar o poema rumorizado,
impreciso,
sujo,
pútrido – pústula do vômito anêmico –,
minha expiação
rapta o jasmineiro
do orquidário
que
alimenta as paixões abertas.
impreciso,
sujo,
pútrido – pústula do vômito anêmico –,
minha expiação
rapta o jasmineiro
do orquidário
que
alimenta as paixões abertas.
II
Verbo
nu
me revelo
ao underground marginal
como
nu
me revelo
ao underground marginal
como
espinho
de incitamento
de incitamento
E
alicio
meus fantasmas
que encachacem
suas verborragias
alicio
meus fantasmas
que encachacem
suas verborragias
E
se revoltem
com as sórdidas traições
da mesmice.
se revoltem
com as sórdidas traições
da mesmice.
[ FORMAS INCONSTANTES ]
“Nunca buscamos as coisas / mas sim a busca das coisas"(Antonio Moura)
Para Olympio de Azevedo
I
Vomitam na rabeta das inquietações
na solidão cadavérica
os gerânios cinzelados
com carvão. Corvos traiçoeiros,
tão distantes,
carcomem (vampirescamente)
os paradeiros inconsúteis
de floreiros
com as cores exageradas do céu
& do inferno.
na solidão cadavérica
os gerânios cinzelados
com carvão. Corvos traiçoeiros,
tão distantes,
carcomem (vampirescamente)
os paradeiros inconsúteis
de floreiros
com as cores exageradas do céu
& do inferno.
II
Ó gritos discordantes!
– Nós somos (infatigavelmente)
formas inconstantes
& limos imprecisos de um uni-verso
de grandes silêncios
com níveis elevados de astúcias para saber
exatamente
onde iremos dar sem mais demora
feito os que tomam conta
das palavras rebeladas
que nos
seguem
pelos
vapores emplumados.
– Nós somos (infatigavelmente)
formas inconstantes
& limos imprecisos de um uni-verso
de grandes silêncios
com níveis elevados de astúcias para saber
exatamente
onde iremos dar sem mais demora
feito os que tomam conta
das palavras rebeladas
que nos
seguem
pelos
vapores emplumados.
III
São os punhos desafiantes que eu sempre busco
com minhas insólitas blasfêmias
de fogo.
com minhas insólitas blasfêmias
de fogo.
(Daria tudo por uma única folha cantante
daquela madrugada perdida/meditativa
de outono passado.)
daquela madrugada perdida/meditativa
de outono passado.)
O entendimento do meu alter(fixo)ego
é sincopado,
voluptuoso;
contempla o tamborilar dos bumbos de trapo,
de onde meus olhos cobrem-se de ironia ferina
antes que os ceguem
os escaravelhos vencidos.
é sincopado,
voluptuoso;
contempla o tamborilar dos bumbos de trapo,
de onde meus olhos cobrem-se de ironia ferina
antes que os ceguem
os escaravelhos vencidos.
IV
Masturbado,
movo-me na rodagem
de qualquer poema visceral
até revestir-me de mistério
& ficar
com o mamilo direito
sobre
o
orgasmo daninho.
movo-me na rodagem
de qualquer poema visceral
até revestir-me de mistério
& ficar
com o mamilo direito
sobre
o
orgasmo daninho.
[ VERDADES CONVALESCENTES ]
Para Joãozinho Gomes
I
A que fonte metamórfica se destinam
as lágrimas sobressalentes das lonjuras transversais?
as lágrimas sobressalentes das lonjuras transversais?
E a insaciedade
(torturante, esquizoide
ou seviciante)
dos punhados de primaveras enfermas
em fuga?
(torturante, esquizoide
ou seviciante)
dos punhados de primaveras enfermas
em fuga?
– Um fuzil agonizando
uiva na opacidade amarrotada
onde intersectam os refúgios das verdades convalescentes
de antimatérias & de transmutações frígidas,
como uma multigota florescida
pendente
no nada.
uiva na opacidade amarrotada
onde intersectam os refúgios das verdades convalescentes
de antimatérias & de transmutações frígidas,
como uma multigota florescida
pendente
no nada.
II
Quem se lembra das irrupções das falas irresolutas
carregadas de baforadas de fumos sedentos?
carregadas de baforadas de fumos sedentos?
– Um soluçário tempestuoso
talhado numa bigorna de ossos dilatados
arrebata a latrina dos proto-sonhos,
suas voragens neblinosas absorvem as feridas,
como uma intransigente planície de silêncios,
como uma obscuridade alvorecente
incendiando o outono apunhalado,
como uma errância órfica
esculpida em vidro volateado,
como uma procelosa solidão
tropeçando
nas horas sem fim.
talhado numa bigorna de ossos dilatados
arrebata a latrina dos proto-sonhos,
suas voragens neblinosas absorvem as feridas,
como uma intransigente planície de silêncios,
como uma obscuridade alvorecente
incendiando o outono apunhalado,
como uma errância órfica
esculpida em vidro volateado,
como uma procelosa solidão
tropeçando
nas horas sem fim.
Ilustrações: Gilad Benari
Benny Franklin é ativista cultural, poeta por puro diletantismo e membro/colaborador de diversas sociedades culturais. Desde 2012 é organizer em Belém do evento global “100 Mil Poetas & Músicos Por Mudanças” – versão amazônica de “100 Thousand Poets For Change", o maior evento poético do planeta, realizado em mais de cem países.Vencedor por duas vezes do “Prêmio AP de Literatura" [versões 2006 & 2009],certame literário realizado pela Assembléia Paraense/Belém-PA [supervisão e julgamento da Academia Paraense de Letras], com as obras poéticas: "Exame de Consciência" e "Filamentos de Um Poema em Pedaços". Têm obras publicadas em blogs, sites e antologias. Em breve os livros “Chopps Bennyanos”, “Súplicas Marginais” e“Antipoemas Sujos”.