ÊXTASE
Lembra-te? A noite era bela e fria, fria...
O luar parecia despontar sobre o lago
Do céu e sobre a infinita harmonia
Dos sonhos e de seu reflexo vago...
Sonhávamos? Não é sonho a alegria.
Sobre o mundo pareciam os anjos
Elevar os seus corações para os nossos passos
(As nossas almas, nos celestes espaços,
(As nossas almas, nos celestes espaços,
Já caminhavam com os eternos anjos)...
E quando olhei para ti, como um amante
Ansioso pela compaixão de um olhar risonho,
Parecias dizer-me: “Amo-te, suponho,
Para a eternidade distante...”
E os astros, estendidos pelo céu esbranquiçado,
Pareciam celebrar uma ventura jamais vista
Na eternidade tão vasta...
E do profundo céu de ametista,
Como dois pequenos astros, lado a lado,
Voltamos para a glória dos nossos dias...
Enfim! Para a glória das alegrias
Que a tristeza dos dias não afasta...
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Sobre ti pendem-se todos os caminhos:
Flores que se abrem espelhando a terra...
Qual um lago ao luar sereno, no jardim
Em que as estrelas são as luzes da terra,
Ou como um olhar profundo, assim
Fecundo, pois é o mais belo retrato do mundo,
Sobre ti pendem-se todos os caminhos...