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VOO CURTO - JANDIRA ZANCHI

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Ilustração: Konstantin Karr


POMAR

aceito o acento
averbado entre deus (quase maiúsculo)
e seu refrão de pulso pulsante
   - avante –
vértice vertical (quase estrangulado)
abrindo e estendendo outro Sol

principia a viagem para um pomar
     - impávido – de pássaros.



VOO CURTO

por enquanto só a lua ruge seu silêncio
quase modo modificado o mutante esquadro
na lírica borda da avenida

não controlo vogais ou fonemas ácidos...

esqueço do altar e as rezas de penitência
já não me lembram mais

um longo caminho de recordações cerceia passos
e sussurra brevidade nessas arcadas movediças
em louros e despedidos campos desse novo dia
  
é quase insano o pranto seco e sem vento
do constante leme que – marginal – aponta
as frestas e submete as arestas
polindo os desmandos e suas entrópicas rotações

fagulhas dos minutos/segundos brilham na clara lua
sugerindo proximidade/extensão de pouco volume
comprimindo em latitudes/altitudes concêntricas
longas elipses auréolas de pouca massa

é aí que cantam os santos/ingênuos providos e amados
de seus pecadores escolhidos
todos fruídos em lento cardume na nave
catedral dos que, enfim, tremeram temeram
transpassando, no voo curto, o infinito da liberdade.



ANDARILHA

                                 estimo-me quase santa e sabedora embora que esqueci
                                         uns cem mil réis de vespertinas vitórias e alecrins

alegro-me com a vivenda enquanto é vasto/limitado
o decorrer do dia diamante nessa terra lisa de lisuras

quase esqueço, nos muitos tropeços,
a necessidade andarilha da vida – quando abre um
horizonte, novamente, a quadrilha e sua sina se levantam
e satisfazem com pares, mercadores e ímpares,
as  vésperas dos vestíbulos acionados nesse mercado
 – mortificado - vai ancorando-se de multiplicidade
e vagarosidade em cada dia encolhido e luminoso....

são tantos os céus e os infinitos e os cristais e os crédulos e
os crucificados e os mortificados
                                          terra aleatória em mares navegados

                                                                 crepúsculo dos lares e laços

na fronteira, arvoredo de aço e alhures,
abre suas flores.



JANDIRA ZANCHI




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