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05 poemas de Alan Costa

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POEMA OBSCURO

Visto a roupa que o frio me cede
na tenda de lona que o sol escurece
cão não me falta faminto

bem  me  quer  tequila  mal  as  moscas
bem  me  quer  a  fúria  mal  o  medo
bem  me  quer  preconceito  mal  o  ego
bem  queria  redimir  dos  erros.



OLHOS DE ANOITECER

Bati  asas  um  morcego  mudo  mirando  outra  estrela
hora  da  cigarra  não  era  mas  se   assusta
com  o  sopro  de  um  pássaro  grande  entre  as sombras  que faziam  um  par  de  pés  de  fruta  e folhas secas  no  caminho

Certo mesmo é que a dois  segundos  atrás  a  noite era  menos,  bem  menos  noite
e via  um  vaga-lume  assim  sem  graça  pousando  beirando  horta  e  bem  no  meio  dela  um  espantalho
não ouvia  fiapo  de  vento  mas  sorria, embora  de lábios  secos
mais secos  que  os  do  sapo,  também pudera,  estalava  besouro vermelho  na  língua  calejada das horas

Feito  réu  atônito  confesso  outro  cochilo  e  uma  pesada  nuvem vem  parir  um  grande vulto  pra  cima  da  lua,  quase  cheia,  essa  minha  prata  testemunha

Clareava  a  ponta  da  grafita  no  momento  em  que falava  de avião  pequeno  passando  brilhando  a  mil
resmungando ressaca  em  linha  reta.



VIDA  X  MORTE


Aflora e desfalece muda 
desdém compassado
ela que finta os desejos 
ela que finta a cura

Quero álbum de retrato
a ginga dos teus braços
desvirginando os desejos
que me trairão um dia.



JULHO

Participo irrequieto da marcha
a fim de aguçar o marasmo do ar
preencho com graça os espaços
driblando meu medo em gingados

roço o para-raios parabolicamente
sempre serei papagaio raro
pipa no crepúsculo do mar
participante por um fio.



CONTRAPONTO

Se a vida é mergulho em mar de riscos
corro e faço da prancha barco a vela
se o veleiro não revela teu caminho
não importa, agora gotas me comportam
de sol, de sal sem que em teu caminho veleje
volto no vômito da onda ainda fria

do barco que era prancha faço um marco
se trafego com um colar de esferas
traço algo para arremeter na terra
se tropeço entre aterros no caminho
volto ao marco que mostrou pra vida

que o caminho do abrigo é placentário.




ALAN LUIZ COSTA é de Belo Horizonte, MG. Cirurgião- Dentista pela Faculdade de Itaúna tendo iniciado o curso em Uberaba-MG onde teve alguns textos publicados no Jornal Laboratório do curso de Comunicação Social REVELAÇÃO e também no Jornal Correio Santarritense em Santa Rita de Minas. No campo virtual tem poemas publicados no Grupo Haikai.
É Apicultor nas horas "pagas".




Ilustração: Fotografia da Wikimedia Commons

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