O morador
Sua inexplicabilidade
Seu jeito de chegar
Sem pedir licença
Pura licenciosidade
Feito se toma um teto
Feito se invade um lote
E constrói e requer
Usucapião
Essa falta de geometria
Das casas
Essa falta de programação
Da rua
Esse achar que pode
Edificar algo em cima
Do morro
E dá gargalhadas
Enquanto as velas
Derretem
De tanto iluminar
Esperas
Qualquer um vendo
Pelas frestas das portas
Desabando
E é ele mesmo que sai
O malandro volátil
Dando-nos um pano
Com cola
Pra esquecer sua fome.
Adriane Garcia, nascida e residente em Belo Horizonte/MG. Historiadora, arte-educadora, atriz. Escreve poesia, contos e dramaturgia. Seu livro Fábulas para adulto perder o sono venceu o Concurso Paraná de Literatura, Categoria Poesia, 2013.