Pelos lábios dos anjos escorrem céus:
A Revelação em um ciclo profundo...
Pelos lábios dos anjos, os sonhos dos céus
Luzem como os novos sonhos do mundo.
Ah! Desabrocham, pelos lábios dos anjos,
As palavras nunca ditas...
E quantas saudades, em sutis arranjos,
Clamarão, divinamente, aos lábios dos anjos
Por essas palavras nunca ditas?
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… certa vez, me vi defronte comigo
Mesmo quando novo, bem novo, eu era...
O dia era belo... cingia toda a esfera
Um azul medieval, um poente antigo...
A mim me disse, sem que a lenta espera
Pudesse esvair a sombra daquele abrigo:
“Meu soturno espelho! Onde está, amigo,
O que nos prendeu e enfim nos dilacera?
Ah! Em que caminho, pelas alfombras,
Maior que a sedução das novas sombras,
Essa vertigem nos arrojou ao universo?”
E a imagem, ao longo céu se espargindo,
Como um lamento do que afinal é findo,
Foi para o silêncio em tudo disperso...