mallarmé
nas
bibliotecas
estão todas as histórias D IT O
nada de nada IN FINITO
frederico barbosa
sem sono sem pedra sem poemallarmécampos
sem-sal
sem-céu
átimo sentido
nem
sem-sol
sem-sus
tenido haber
oswaldoído
sem-norte-cactusiano
nem que
zanzeiras enxaquecáguas
coleirizando amarelos
qual cabra
afiadas facas
sem-sei-o
sem-cio-de-si
carneviais
arrecifecem-se
qual
os quês-quereres
arribação
sampa paraíba samparaibano da gema
como
um ítalo-sertanejo que do bexiga desceu em
lagoa tapada atrás duns versos açuns dispersos grande
movimentos adonirançando malocas saudades
ah aquele cruzamento da canção
pode
pomba
cães são sempre cães vadios
mães são sempre mulheres santas de nossos pais
espírito santo
quase sempre é pomba
sempre funciona pomba
gira
recato
telefone e-mail fax correio
ligações estão ficando perigosas demais
literatura já deu cinema cinema
deu cama em motel de segunda
a sábado menos domingo deus sabe lá por que diabos este
caso pode dar dor de cabeça brabas em sendo
assim eu li em camões nos tempos de ginásio inês é morta já
não sou mais bobo de voar de avião asa delta coração
sem reservas
a filha
para a mariana
a filha arquiteta um caminho
seguro secreto sem medo
a filha
sabe da vida
como segurar segredo
com moldes & modelos
de um mundo
sem apegos
a filha
estuda dirige trabalha
a vida
dela
&
minha
em discagem direta
à distância
rio de janeiro em janeiro
para o bernardo e o pedro
o menino cresceu guinou pra guitarra pro uivo pro grito pro berro
me diz que é assim que se faz pra ser feliz
menino nasceu de mim
agora é estrangeiro de si em si
de mim em mim
rita lee
filho acha que é pai & mãe &
que pai & mãe já de cara eram
erram
um oráculo só-rdido
desentendido do tempo
filho é difícil
gosta de ostra
cisma coisas
cisca loisas
esquece chave
acaba mesada
pede carro
filho enche o tanque da gente
de álcool
& era
gasolina
fococarneval
barba boca língua pescoço romance de machado
suores perfume de hotel de segunda
a segunda
segunda
subliteratura no pacote do shopping
pentelho dente cuspe baba
boquete
derci avisa hilda hilst é outra
cuzinho cursor
pau no olho do cu
mexendo poesia verlaine
fazendo pose de yoga
inda bem que na polaroid meditação
um dois três
fudeu
fungou
fungou
fudeu
tudo
pode
foco
no foco
mamãe
sacode
chico césar
corpos da noite
in rave cidade indantiga
(o) ga(s)to (o) rapa
carnes ó ovação
lança-confete
páginas do diáriorgia
festejos
a proesiafogaréudelíngua(s)
fogos
corpos
em casa brasa na boa de um fogão
glauco mattoso
o poeta
neo-saradésimo-pós-irado
todo
leu ora bilac direis na escola
deu sorte
conheceu pedro o podre numa marginal
de olivette na mão
fez boquete
chupou chupou
negão um pé outro pé
dentro fora
&
desde então língua é tupinik sputinik mangueirice
santos guaranis for all verde-rosa-sagarana
poesia gol trave em placaetânica
amor diz nome
igual igual
quaresma
a boca
chupa-chupa
fúria das freiras no carnaval
quartos
depois vem a quaresma
canetas
elas dizem
paredes
jejuar faz parte do arsenal
sustança
do barro
do pigmento
da pedra
da madeira
do papel
do fogaréu elétrico
dos graus
todos os desafeitos cravados a
ferro
paulo leminski
(o) ofício
(é) suicídio
(que) por fraqueza
(&) força de vontade
(não assino)
tomie othake
falta ar falta fôlego
&
rã tanque-trapézio
boá
imagine john
lennon
nu
só
isso &
oco
é
isso
aí
ó
teatro
nô
ângela rô rô
&
dinovo
dinovação
nada porra nenhuma
só aquele merda
dedo pontal dedal us ulisses meu gato
dia após
claricedia
imagina vagina
falta
imaginação
dear faz ready made faz
finge lígia
fingers
ô bicho
augusto de campos
então é assim
é
ah
é
depois de falar tudo
de contar tudo
de relembrar tudo
pós-tudo
sobra
o teclado da internet
mudo
* * *
SOBRE BARROCIDADE
Da torre ao torrão, do barro ao ferro,
da pedra ao pó, a barroca urbanidade
que Amador desconstrói nos sugere
que a poeticidade ainda pode ser encontrada
nas menores partículas duma cultura
detonada e sucateada.
Glauco mattoso
* * *
Amador Ribeiro Neto nasceu em Caconde (SP), em 1953. Autor de uma dissertação e uma tese de doutorado sobre a criação lítero-musical de Caetano Veloso, recebendo os títulos de mestre em Teoria Literária pela USP e doutor em Semiótica pela PUC/SP. Está incluído na antologia Na Virada do Século, organizada por Claudio Daniel e Frederico Barbosa. Atualmente vive em João Pessoa, onde leciona na UFPb. Durante muitos anos, escreveu regularmente crítica literária em diversos jornais de São Paulo. A presente seleta foi extraída de "Barrocidade" (Landy Editora, 2003). O autor escreve periodicamente na zona da palavra e em barrocidade.