“Como o senhor deve saber, as tradições rezam que um dragão é uma força viva que pertence a todos os elementos e compartilha todas as naturezas. Não é a maldade que dá ao dragão o poder de lançar baforadas de fogo, mas é sim próprio da natureza do fogo que o domina exigir-lhe a disponibilidade para o cumprimento de uma missão, como aquela que os contos de fada reduziram a um prosaísmo insosso: a de ser guardião de um grande segredo deste ou de outro mundo ou simplesmente a de proteger um tesouro. Logo, no dragão adulto, como um atributo que se destaca em seu vasto corpo, o poder de lançar fogo pode ser geneticamente ativado com toda sua incandescência e insaciabilidade, dependendo, é claro, da aceitação e consumação de um desígnio. De modo igual podemos dizer que o crescimento de suas asas não é resultado tão só de uma determinação genética, mas, com toda a certeza, de acordo com os arcanos solares, são os ares favoráveis que determinam o desenvolvimento das asas. Se no fim do outono dragões afundam, sonolentos, nas maiores profundezas de mares e oceanos, permanecendo em hibernação ao longo do inverno e na primavera e verão jovens dragões ganham os ares rendidos aos encantos do sol, há uma coisa que pouco se sabe. A literatura a respeito é ainda muito escassa. Um dragão precisa de um mestre ou tutor para ganhar asas. Cabe, portanto, ao curador desse ser fabuloso a responsabilidade por dar germinação, corpo e movimentos iniciais às asas de um dragão.
.
Não se dá assim com os quatatis. O senhor nunca ouviu falar deles? É mesmo?!”
.
Não se dá assim com os quatatis. O senhor nunca ouviu falar deles? É mesmo?!”
.
Sob os próprios pelos: Seres extraordinários é uma narrativa fantástica centralizada em torno das experiências inusitadas de um escritor frustrado, a partir da descoberta, em um sebo, do manual de um certo coletor de risos. Essa descoberta leva-o a retornar ao sebo e travar relacionamento com uma figura misteriosa, que lhe serve de guia, dando-lhe margens para buscar quem é numa jornada que oscila entre o onírico e o inexplicável no âmbito do real. Cria-se então uma atmosfera em que o leitor é levado a uma jornada que avança sobre essa coisa monstruosa e impura que tem muitos olhos e patas e desliza insuspeita sob as tramas da pele e do mundo. Resultado de premiação pelo ProAC, Sob os próprios pelos – Seres extraordinários sairá em coedição entre as editoras Patuá e Dobra no mês de julho.
.
.
Quem são esses seres extraordinários os quatatis?
.
Se quiser saber mais, leia os dois primeiros capítulos publicados na Musa Rara.
http://www.musarara.com.br/sob-os-proprios-pelos
Os autores das duas melhores respostas, além de receber em casa (via correio) um exemplar autografado de Sob os próprios pelos -seres extraordinários, receberão também um exemplar de O azul versus o cinza/O cinza versos o azul + um livro surpresa.