PARTIDA
Tenhamos, embora, certa paz no peito
Quando pronunciarmos que o fim chegou.
Seja esse o nosso supremo preceito:
Vivamos, enfim, como quem já se deixou.
Que nem a lamentação ou o divino preito
Ergam-se quando dissermos que o fim chegou.
E que só a saudade, em seu calmo leito,
Murmure a canção de quem jamais voltou.
Que só a saudade! Essa inevitável trilha
Por onde nossas almas vão se deixando
Quanto mais vacila a luz que nos brilha...
Ah! Sejamos a paz de um poente carmesim...
E que de nossos lábios, em tom puro e brando,
Anunciemos a serenidade do fim...
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A Liberdade... A Liberdade não existe.
É uma ilusão daqueles que não amam
(A cada um o rumo revela correntes).
Um abrigo, que alma e coração reclamam,
Prender-nos-á entre paredes horrentes.
Ah! o sonhador é a sombra de seu sonho triste...
(Escravos das esperanças evanescentes...)
A Liberdade... A Liberdade não existe...