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[as guerras búdicas: a arma secreta] por alexandre guarnieri - parte 3

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um míssil remissivo ("a bomba do desapego", como a chamaram seus inventores), destituindo do passado o ato em si, eliminando do agora qualquer rastro, o fato obliterado, o armamento outrora apontado aos resquícios vivos da infância rememorada, que agora, não há, os generais terão aguardado a resposta, sacerdotes da guerra em gabinetes secretos, ocupando bunkers/ templos no topo de montanhas geladas (ou dos Himalaias) e o inimigo terá sido a última lembrança daquela tarde na cama, a recordação daquela promessa a que se apegara ela, agora nada falsificaria o óbito desse ônus emocional e o que resta na área atingida pela ogiva (um lado ignorado) é uma cratera, que logo será esquecida ("pedra sobre pedra"), não há nada no centro do trauma a não ser sua fronteira, quase apagada, mas que ainda há [o vazio é bem-vindo] porque também será esquecido o conteúdo que um dia houve, qualquer carga, qualquer kharma (a bomba funciona!): eis a gênese da gangue dos buddhas belicosos, comerciantes de armas no mercado das almas (perdidas), dos egos mergulhados na perda, na desilusão, no auto-engano; armas e drogas, buddhas traficantes de dharma, basta pagar o preço com o atravessador certo: basta virar do avesso qualquer expectativa de sucesso.




/ a bomba /



/ a arma secreta /



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PARTE 1

PARTE 2



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Alexandre Guarnieri (carioca de 1974) é poeta e historiador da arte. Atualmente pertence ao corpo editorial de mallarmargens e integra, com o artista plástico, músico, ator e poeta, Alexandre Dacosta, o espetáculo mutante [versos alexandrinos]. "Casa das Máquinas" (Editora da Palavra, RJ), de 2011, é seu livro de estreia e está disponível aqui. Seu próximo livro, "Corpo de Festim", será lançado em 2014. Email.






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