minha mala
levo
na minha
mala
minha
mandala
minha viola
nana
nara
ná
victor jara
janis
callas
tame impala
na minha
mala
minha
mandala
minha viola
nana
nara
ná
victor jara
janis
callas
tame impala
nela levo
ella
avalovara
sinatra
sidarta
baraka
drácula
odara
ella
avalovara
sinatra
sidarta
baraka
drácula
odara
comigo vai
martinho da vila
paulinho da viola
violeta parra
cartola
cachaça
maria alcina
alzira
maria fumaça
martinho da vila
paulinho da viola
violeta parra
cartola
cachaça
maria alcina
alzira
maria fumaça
levo marina lima
marília medaglia
amélia
amália
martinália
e se ela
quiser ir
eu levo
a nália
marília medaglia
amélia
amália
martinália
e se ela
quiser ir
eu levo
a nália
quem sabe
faz a hora
o tempo
não para
tô indo
embora
meu bem
pra maracangalha
ou pra pasárgada
e passe bem
faz a hora
o tempo
não para
tô indo
embora
meu bem
pra maracangalha
ou pra pasárgada
e passe bem
larga
a mala
ela
é minha
mas eu
não sou
de ninguém
disfarça
e chora
eu já vou
minha cara
olha o trem
a mala
ela
é minha
mas eu
não sou
de ninguém
disfarça
e chora
eu já vou
minha cara
olha o trem
a saudade é
a saudade é
o lápis
que risca
todo
o calendário
o meu
rosto
estampado
no santo
sudário
o seu
cheiro
guardado
no canto
do armário
o seu
gosto
cravado
de lábio
a lábio
o lápis
que risca
todo
o calendário
o meu
rosto
estampado
no santo
sudário
o seu
cheiro
guardado
no canto
do armário
o seu
gosto
cravado
de lábio
a lábio
é
o meu
ato falho
a rainha
do meu
baralho
o barulho
chato
do chocalho
um caminho
sem atalho
o que
me dá
trabalho
mas
não me dá
salário
o meu
ato falho
a rainha
do meu
baralho
o barulho
chato
do chocalho
um caminho
sem atalho
o que
me dá
trabalho
mas
não me dá
salário
é a palavra
que sobrou
do dicionário
no coração
flechado
no tronco
do carvalho
em toda
página
do meu
diário
na ponta
da minha
língua
no canto
do seu
canário
que sobrou
do dicionário
no coração
flechado
no tronco
do carvalho
em toda
página
do meu
diário
na ponta
da minha
língua
no canto
do seu
canário
é
a minha
queixa
o que
me deixa
mudo
é tudo
o que
falo
a minha
queixa
o que
me deixa
mudo
é tudo
o que
falo
a saudade é
do caralho
do caralho
presente do futuro
sou filho
do obscuro
só brilho
no escuro
só me entende
quem sabe
que sou semente
que só cresce
em solo duro
sou fruto
que já nasce
maduro
sou diferente
de tudo
sou parente
do impuro
é com veneno
de serpente
que me curo
só crê
quem é descrente
porque sabe
que não juro
não ando
no trilho
não paro
no muro
sou quem
só à frente
se sente seguro
só me vê
quem é vidente
sou o presente
do futuro
do obscuro
só brilho
no escuro
só me entende
quem sabe
que sou semente
que só cresce
em solo duro
sou fruto
que já nasce
maduro
sou diferente
de tudo
sou parente
do impuro
é com veneno
de serpente
que me curo
só crê
quem é descrente
porque sabe
que não juro
não ando
no trilho
não paro
no muro
sou quem
só à frente
se sente seguro
só me vê
quem é vidente
sou o presente
do futuro
Paulo César de Carvalhoé bacharel em Direito e mestre em Lingüística pela USP, professor de Gramática, Interpretação de Texto e Redação do curso Anglo Vestibulares, co-autor do material de Língua Portuguesa do Sistema Anglo de Ensino, autor dos livros Tópicos de Gramática e Tópicos de Interpretação de Texto e Redação (Editora CPC). Foi editor do boletim Texto & Cultura, colaborador das revistas Discutindo Língua Portuguesa, Discutindo Literatura, Arte & Informação, Libertárias, Livro Aberto, entre outras. Foi consultor da TV FUTURA no programa Tá Ligado? Foi curador da exposição Linguaviagem (organizada pelo Museu da Língua Portuguesa e Ministério das Relações Exteriores), que abriu em 2010, em Brasília, o Congresso dos Países Lusófonos. Sua dissertação de mestrado intitula-se "Fragmentos epistolares de um discurso amoroso: elementos para uma análise semiótica do estatuto do gênero 'carta de amor'". Tem poemas publicados no livro Na virada do século– poesia de invenção no Brasil (Landy Editora) e na antologia portuguesa Poezz (Almedina). Em 2010, lançou o livro de poesia Toque de Letra e, em 2012, Letra na clave é sol (ambos pela editora Nhambiquara). Em 2013, publicou Letra Livre (editora Oitava Rima). É vocalista e letrista da banda Os Babilaques e PCC & A Contrabanda. Tem parcerias com vários músicos da cena contemporânea, como Tatá Aeroplano, Pélico, Juliano Gauche, Danilo Moraes, Tiago Galego, Bruno Roberti e Carlos Zimbher. Sua canção "Na garrafa", em parceria com a Trupe Chá de Boldo, alcançou o 1º lugar no TOP 10 da MTV em 2013. A canção "descarada", com Bruno Roberti, teve participação de Seu Jorge.