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POEMAS E FOTOS DE DEBORAH PRATES

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Menina Babel


A menina que dança de olhos fechados
menina babel
dança megamente distraída
el chico se aproxima, se aproxima, se aproxima
e os dois bailam, distraídos,
de olhos fechados.
A menina que dança de olhos fechados
– o que ela está imaginando? –
ao léu
el chico de las grandes ideas.
As línguas distintas, unidas, latinas
os corpos rápidos, úmidos, igualmente latinos.
La chica que baila de ojos cerrados
perdida
em meio à dança
divaga
hot hot hot
california
beach
rio
cine estesia
Abra los ojos
Enjoy the silence





das escolhas lexicais


suas palavras me atravessaram me elouqueceram me deixaram dias sem dormir. palavras abusadas, nervosas, sedutoras, entravam e saíam pelos olhos, ouvidos, poros e por todos os sentidos. palavras quentes, experientes, que provocaram arrepios em toda a extensão da derme, intercalando espasmos. sussuros. claroescuroclaro, gemidos em sampler corpos sinuosos e vejo suas palavras que pairam em light painting.






Humaitá


Eu pensando em
como escapar da chuva,
não quero molhar os pés
e você limpando o para-brisas,
embaçado pelos seus pensamentos
(seus pensamentos, que são meus,
e avançam todos os sinais).
Eu saí daqui correndo,
queria chegar logo
Lá onde moram
você e meus pensamentos
(meus pensamentos, que foram seus,
e não saem mais de casa).
Fico presa no engarrafamento de guarda-chuvas,
a bolsa pesada
(não cabem mais segredos nela)
tento atravessar a pista,
a luz verde se estende para que sigam
meus pensamentos molhados –
tão distantes dos meus pés secos –,
mas eles são atropelados pelos
seus pensamentos
em algum sinal que eles avançaram







um vidro de esperança a conta-gotas deixa sob controle a ânsia de cometer loucuras a cada instante. Viver somente de 4 em 4 horas. A felicidade é cada último tique do ponteiro do relógio.



sobre as fotos:

Exposição: Trilha sonora da vida compartilhada

LOCAL: Pizzaria La Carmelita (lar do Pizzarau), Rua do Rezende, 14b, Lapa - Rio de Janeiro

A exposição "Trilha sonora da vida compartilhada", que participou da XIV Mostra de Artes e Carpintaria da Comunicação Social da UERJ (2013), reúne fotografias que traduzem uma experiência sinestésica da artista. A estética de Deborah consiste em recriar sentidos a partir de uma interpretação imagética com legendas de músicas nas fotografias, conjugando suas maiores paixões. Percebe-se uma tentativa de expressar som em imagem e vice-versa. Ora a artista é uma personagem que compõe o cenário; ora capta um ambiente pleno, transitando, assim, entre o jogo do observador e observado. Esse amálgama pode ser experimentado quando o espectador ouve a música correspondente a cada imagem, visitando cada lugar através de todos os sentidos.



*    *    *




Deborah Prates completou recentemente 28 carioquices. Seus poemas foram publicados na Revista Parênteses (2a edição, 2013). Todos os dias acorda se sentindo um advérbio de intensidade. Adora a expressão "perder as estribeiras". Como Borges, acredita que todo encontro casual é um encontro marcado. Como Manoel de Barros, foi aparelhada para gostar de passarinhos. E, como Kierkegaard acredita que sua vida não será, apesar de tudo, mais do que uma existência poética. Escreve no blog "sobre cafés e clichês".







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