Ilustração : Renne Margritte
SOLIDÃO
O desejo que tenho do outro, não perturba os gestos solitários. Não é o vento que leva meus sonhos, nem o mar que devolve os escombros. Tudo em mim é solidário e agoniza.
Acontece que o amor termina.
FAMÍLIA
Mesmo gesto repetido, milenar. Das coisas intactas, mexidas. Insetos mal resolvidos.
Ser agora a borboleta, é rever a casa.
MAGMA
Como se tudo em mim fosse mais, sou eu que me lanço as pedras deixo a faca no peito sem morrer. Há um fogo no corpo se fechando em ciclo, esse poema começando do fim. Inferno? Partilha? Nada me restitui a inocência, ainda que o sol no café da manhã seja mais um ofício de querer a lição.
O hábito de sofrer diverte.
Os poemas são do livro A Idade das Águas.