amanhã
há sempre outro dia.
esse amanhã tão falível,
moldura vazia.
outro
não tenho tamanho.
às vezes não tomo banho.
sou meu corpo estranho.
cérbero
um cão que o peito abra:
silencioso vendaval
trovão, dentro ladra.
esquecimento
pilha de palavras
mortas – muro invisível.
sons que o mar celebra.
solidão
esse dia nublado.
esse violino tão alto.
não sombrio – calado.
* * *
reflexo da lua –
luz colidindo n'agua.
os peixes na rua.
* * *
o rio, todos os dias,
gira o moinho, toda a vida.
mil marés vazias.
foto: Dave Rawlinson
há sempre outro dia.
esse amanhã tão falível,
moldura vazia.
outro
não tenho tamanho.
às vezes não tomo banho.
sou meu corpo estranho.
cérbero
um cão que o peito abra:
silencioso vendaval
trovão, dentro ladra.
esquecimento
pilha de palavras
mortas – muro invisível.
sons que o mar celebra.
solidão
esse dia nublado.
esse violino tão alto.
não sombrio – calado.
* * *
reflexo da lua –
luz colidindo n'agua.
os peixes na rua.
* * *
o rio, todos os dias,
gira o moinho, toda a vida.
mil marés vazias.
foto: Dave Rawlinson
* * *
Roberto Dutra Jr. é um neurótico social como todo brasileiro de cidade grande. Adora literatura, mas as palavras não fazem mais sentido. Mestre em Letras, tem um livro publicado e diversos artigos de caráter acadêmico e crítico publicados. Foi editor de revista acadêmica, contribuiu para jornais e revistas literárias no Rio de Janeiro e tem um seríssimo flerte com a música. Adora gatos e poemas, que movem-se na penumbra e nunca revelam-se inteiramente. Leia mais textos do autor aqui.