Odilon Redon, conversation mystique
Os enforcados imaginam uma luz, desterram-se lentamente, ascendem sob o peso do corpo. Hoje a boca é uma colmeia de gritos, silêncios desprendem-se, a memória aquece os suicidas, vejo a felicidade escorrer pelas vozes. melancolia- estado de decomposição glacial- poucos olhos, vasta paisagens. Venta forte as amoreira interiores , pequenos grãos secos anunciam o evangelho dos monturos. É de varandas o coração que anseia o infinito. Salas escuras onde o rosto ondeia, mãos sufocando manhãs. Fecharam-se os teus olhos sobre os ramos secos, videiras cortadas, frutos apodrecidos, palavras desertadas da voz. Ausência, estranha forma de ceifar as preces. Hoje te escrevo com os dedos cansados, escavar nuvens é um oficio doído, nem sempre a tua lâmpada repousou nos corações nublados, a festa tardou na esperança, o estômago digere o pão dos cactos, é este o banquete, é essa a cina dos exilados, os espelhos quebrados agasalham os enforcados.