I
Eu. Sou. Vida.
Tempo Uno
Unido
Em dó sustenido
A dor sustem sentido
No meu morrer
Um canto
Diário.
VII
Como pode a noção de finitude
Invadir quando jovem?
Mastiga, corta, dilacera
Na ausência de rugas externas
Esse rio de ódio
Corre por dentro
Afundando a juventude
O silente coração
Grita por fora.
A carência
É uma grande
Contradição.
X
Aprofundo mundo
Há profundo imundo
Mudo em mim
Tumulto e solidão
Gente e indigente
Só lido com o sólido
E me desmancho no ar.
XII
A minha coragem maior de viver
Está na proporção em que eu
Exponho o que há de mais
Oculto em mim
E assumo teus olhos nos meus.
XIV
Queria ser tão fino
E se perdeu na finitude.
XIX
A gente se adota
E se sente dotado
De força.
Depois a gente se abandona
E deixa de ser dono.
Ninguém curará minhas orfandades.
Porque os seios secos
Me enchem de mágoa
Não me afagaram
Minha vingança:
Não me afoguei.
Foto: Heather Landis
* * *
Autor do livro Lutos diários, (Patuá, 2013), do qual vem os poemas desta seleta, Leo Barbosa nasceu em João Pessoa (PB), em 31 de julho de 1990. É escritor, poeta e professor de Gramática e Literatura. É autor de Lembrança Perseverante (2008) e Versos Versáteis (2010), ambos de poemas. Em 2009, iniciou o projeto denominado Difusão Perseverante, que consiste em propagar a sua poética e estimular o gosto pela literatura através de conversas em instituições públicas e particulares. Desde então, estas apresentações, somadas, atingiram um público de cerca de 22 mil pessoas. Mantém, desde 2010, uma coluna quinzenal no caderno de opinião do jornal Correio da Paraíba. Muitos de seus poemas já foram encenados, e trabalhados em escolas e faculdades. É editor do blog literário "zonadapalavra”. Leia mais poemas do autor aqui.