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Foto: Evgen Bavcar |
Poeira
Paira sobre nós uma poeira
Turbulenta, névoa não passageira
Doente, estúpida, caseira
Que não sai
Não tem vestimenta que a embrulhe
Não tem voz que aguente
Não tem paz arrojada
Não tem sol que a arrebente.
***
Furacão
Mas Bahamas são também africanos os que sofrem
E os latinos inteiros choram no quintal do Tio Sam
Mais do que os anos coloniais
Dorian chegou com sua beleza devastadora.
Belo nome europeu.
Avassalador
Mamãe vendo o noticiário perguntou se era África
Oh! Mãe África e tua Moçambique, tão igual pranto...
- Não mãe, América Central.
***
Pai
Pai
Olho para o céu
E nele não encontro gabarito.
Isso não é uma oração
Tampouco um consolo
Pai, de todos é
Sem face nem voz
Grilos grilos cantam
Sua orquestra sinfônica
O que dizem?
Só gritam, eternamente.
E essa é a sinfonia de dentro
De um desconsolado.
O ato de pegar o café morto
Faz sentido pela companhia
Esfria rapidamente com o escuro da noite
Que é um sinônimo da crueza fria.
Pai, que pai que tenho?
Rogo aos céus pedindo resposta
Sem perguntas definidas
Pai, isso não é uma oração
Pois não te conheço
Tua face se confundiu com mil almas lavadas
Pela fanática obsessão de te ser.
Pai, quem cuida
Quem
Quem cuida do teu filho?
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Pedro Henrique de Santana tem 18 anos e cursa o 3o ano do Ensino Médio. Vive em Feira de Santana-BA