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Três poemas de Pedro Henrique de Santana

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Foto: Evgen Bavcar


Poeira 

Paira sobre nós uma poeira
Turbulenta, névoa não passageira
Doente, estúpida, caseira
Que não sai
Não tem vestimenta que a embrulhe
Não tem voz que aguente
Não tem paz arrojada
Não tem sol que a arrebente.

***

Furacão 

Mas Bahamas são também africanos os que sofrem
E os latinos inteiros choram no quintal do Tio Sam
Mais do que os anos coloniais
Dorian chegou com sua beleza devastadora.
Belo nome europeu.
Avassalador
Mamãe vendo o noticiário perguntou se era África

Oh! Mãe África e tua Moçambique, tão igual pranto...

- Não mãe, América Central.

***

Pai 

Pai
Olho para o céu
E nele não encontro gabarito.

Isso não é uma oração
Tampouco um consolo
Pai, de todos é
Sem face nem voz

Grilos grilos cantam
Sua orquestra sinfônica
O que dizem?
Só gritam, eternamente.
E essa é a sinfonia de dentro
De um desconsolado.

O ato de pegar o café morto
Faz sentido pela companhia
Esfria rapidamente com o escuro da noite
Que é um sinônimo da crueza fria.

Pai, que pai que tenho?
Rogo aos céus pedindo resposta
Sem perguntas definidas

Pai, isso não é uma oração
Pois não te conheço
Tua face se confundiu com mil almas lavadas
Pela fanática obsessão de te ser.

Pai, quem cuida
Quem
Quem cuida do teu filho?

________________________________

Pedro Henrique de Santana tem 18 anos e cursa o 3o ano do Ensino Médio. Vive em Feira de Santana-BA

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