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Transformando um blog em livro, a jornalista carioca Érica Magni lança sua primeira reunião de poemas dia 6 de setembro, no Estúdio Maravilha 8, em Botafogo

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"A beleza do abismo é o grito que antecede o salto"



"Gosto de imaginar que poéricaé minha primeira casa". Por dezesseis anos, a jornalista carioca Érica Magni se debruçou quase secretamente na prática da poesia e agora publica sua primeira obra, poérica (Editora Cousa, 44 páginas), que reúne 32 poemas delicadamente escolhidos da página [poerica.tumblr.com], no ar desde 2011. O livro poérica nasce depois de dois anos de preparação, passando por edição e design até ser finalmente impresso, ganhando um corpo vagante no mundo.



Após ter lançado o livro na Flip 2019, em Paraty, com ótima recepção do público, a poeta prepara-se para o lançamento oficial no dia 6 de setembro, às 19h, no Estúdio Maravilha 8, em Botafogo. A noite será uma celebração à poesia, algo considerado pela autora "um campo de cuidado excessivo": palavras são, segundo a autora, "ideais para acender reflexões, e escoar a ansiedade de viver no mundo que lhe coube". O evento também vai contar com diferentes performances e intervenções artísticas de convidados da autora.



poérica traz impressões de quem nasceu numa terça-feira do carnaval carioca, da “mescla de mãe imigrante do Norte com pai italiano forasteiro”, como define a autora, que passou parte da infância e juventude em Vila Kennedy, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, e outra parte em Boa Vista, Roraima. Ainda na criança, os livros  sempre estiveram em sua vida, era fã de autores clássicos como Machado de Assis e Rachel de Queiroz. Na juventude, inspirada pela poeta Hilda Hilst, começou a criar coragem para escrever sobre sensações e impressões de mundo que transitavam por sua cabeça. 



Formada em Jornalismo, Érica atuou como repórter em veículos como o jornal O Globo, e coordenou a comunicação de grandes projetos culturais. Em 2014, a poeta optou por desbravar o continente europeu e buscar novas inspirações para seus textos numa experiência que somou, ao todo, quatro anos, baseada em pequenos espaços de tempo por cidades como a catalã Barcelona, Londres, Florença, Roma, Madri, Reiquiavique, Paris, Anger, Lisboa, Porto, Coimbra, Ponte Vedra, Berlim e outros lugares “que lhe atravessaram profundamente".



"Pensar sobre o poérica me dá mais liberdade. Não quero determinar o trajeto desta obra que acaba de nascer, ela há de ter vida própria", analisa a escritora sobre sua primeira publicação literária, e complementa: "poérica é poeira leve pairando, desejo que ele chegue ao público com a leveza displicente de um dia de outono", ressalta Érica Magni.



SERVIÇO LIVRO:
poérica - Editora Cousa
44 páginas
Preço sugerido: R$ 34

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Olho cego do som
Atrás de meu corpo olhos cegos
no meu copo pedaços do outro
passo do medo batendo dentes
saco a alquimia desses bandos
que gracejam mais um voo raso
olhos cegos, inertes se deslocam
quase posso ouvir a engrenagem.

Garotas
Nos estirávamos por debaixo daquele toldo, minhas irmãs e mãe de
contar estrelas.
Todas as noites um novo plano para rasgar uma enorme forma
de bola naquele toldo, de modo que poderíamos finalmente ver
e receber o céu.
De pensar em como abriríamos uma grande festa das frases mais
lindas, com trocadilhos de dar inveja.
Uma noite ensaiamos uma grande escada humana com trapos que
viraram belas cordas entrelaçadas em nossas angústias de ervas
rasteiras.
Não temo o perigo, dizia minha irmã mais nova, rodando os cabelos
pra escalar a corda de trapos.
Era bonito ver a gente, éramos como pequenos esquilos em frenesi.
Todas as noites trocávamos de roupa entre nós, para que o anjo nos
confundisse.

Cordiales Quesos
Não me diga: te achei. Me diga outra coisa qualquer que não esgote a
caixa de música dos olhos.
E uma palavra sozinha pairando na sala sobressalta pela cozinha
no ímpeto de se engarrafar.
Amo o tipo de queijo que é macio como uma cama.
Outras palavras guiam meu paladar. Palavras de comer.
Um comentário ressoando no pasto do post.
E essas inspirações digitais que nos cobram toda gente humana.
Vamos então divagar por menores que sejamos, vamos engrandecer
um mítico prazer: o de dar.













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