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"MATRIOSCAS", POEMA DE RUBERMÁRIA SPERANDIO

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Matrioscas*

Pra não romper nas nervuras,
facilitar o entalhe,
secar sem se entortar,
é preciso escolher a madeira certa.

Depois, faz-se um buraco nela.
“Vai doer!”
Ainda dói
o miolo estripado.

No seu oco
coloca-se a outra
feita à sua semelhança;
cópia da cópia.

Para animar mais o artesão,
cores  alegres e divertidas.
Verniz contra o gelo
pra ela não desmaiar.

Assim são espalhadas pelo mundo,
em diferentes cores e fantasias.
Mães e filhas, bonecas
fazendo a festa do artífice.

E lá dentro da Matriosca,
mulheres diminuídas.
Mas tudo tem um fim.

A última será a inteira.






* o presente poema integra o livro recém-lançado da autora, "MATRIOSKAS" (Editora Desdobra).





*    *    *




Rubermária  Sperandioé mineira, formada em Comunicação Social e mestre em Mídia, Politica e Cultura pela UFMT.  Foi professora, assessora parlamentar e de comunicação em Mato Grosso.  Vive há cinco anos no Rio, onde fez vários cursos de literatura e de Edição, Revisão e Preparação de Originais.  Trabalha como preparadora de originais de literatura e de textos acadêmicos. Tem vários contos e poemas publicados em revistas e antologias. Publicou em março de 2019 o livro de poemas Matrioskas.


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