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Coletivo KriptoKaipora: Minientrevista e lançamento da coletânea ERA DE AQUÁRIA

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A maior parte do mundo submersa com a Grande Inundação de maio de 2050 provocada, dentre outros fatores, pelo descongelamento das calotas polares. É nesse contexto pós-apocalíptico, mais precisamente entre os anos de 2050 e 2055, que se desenvolvem a maior parte dos dezenove contos futuristas que integram a coletânea Era de Aquária, a sair agora pela editora Oito e Meio. Primeira realização do Coletivo KriptoKaipora, convidamos dois de seus integrantes a responderem três questões.



Minientrevista com Alex Xavier e Sonia Nabarrete

1-) Um híbrido de muitas cabeças que partilham interesse(s) em comum? O que é o Coletivo KriptoKaipora?

Sonia - O coletivo KriptoKaipora reúne autores apaixonados por ficção científica e surgiu por iniciativa do escritor Nelson de Oliveira, que juntou alunos do seu ateliê Escrevendo o futuro e autores que participaram da antologia de contos Eros Ex-Machina-robôs sexuais, que ele organizou. No coletivo, há pessoas de diferentes idades, profissões, interesses, níveis de experiência com a escrita, e pretendemos ampliar essa diversidade, incluindo mais mulheres e também autores negros, indígenas e GLTBs. Participar de um coletivo literário é uma experiência bastante positiva. Há troca de ideias, experiências e a reunião de esforços para tornar possível um projeto.  Muitos dos integrantes do KriptoKaipora também participam de um grupo de estudos de ficção científica brasileira, coordenado pelo Nelson de Oliveira. 

Alex - É um amalgama de várias personas que se interessam por ficção científica, principalmente pela forma como ela nos instiga a rever nossa realidade. E o fato de serem pessoas muito diferentes só deixa essa mistura mais rica, pois podemos ter muitos olhares distintos sobre o mesmo tema. Quem juntou todos foi o Nelson de Oliveira/Luiz Bras, baluarte da ficção científica nacional, com quem os demais membros tiveram contato em oficinas literárias ou em projetos paralelos.

2-) A Ficção Científica no Brasil é pura realidade? Existe mesmo?! Ou é apenas memória do que nunca existiu?

Alex - Há teorias de que seja uma memória implantada. Mas não, há muitas provas de sua existência. Para confirmar, basta passar os olhos por Fractais Tropicais, antologia organizada pelo Nelson, que atravessa as diferentes ondas do gênero no país. A ficção científica nacional passa por um período de renovação e tem atraído até autores mais acostumados a outros gêneros. Nós também somos provas desse fôlego novo. Muitos dos autores de Era de Aquária estavam juntos em outra coletânea, do ano passado, Eros Ex Machina, sobre robôs sexuais.

    Sonia - Embora pequena, a ficção científica brasileira tem uma produção excelente, parte dela reunida na antologia de contos Fractais tropicais, organizada pelo Nelson de Oliveira. O problema é o velho complexo de vira-lata, que faz os leitores do gênero aplaudir as produções estrangeiras e ignorar as nossas. Era de Aquária- A grande inundação foi pensada para seduzir leitores de diferentes faixas etárias, mas sobretudo o público jovem.

3-) O futuro é Aquária? Vocês do Coletivo estão mesmo preocupados com o futuro? A humanidade tem futuro ou o apocalipse é mesmo irremediável?

Sonia - Nós, do Coletivo Kriptokaipora, estamos realmente preocupados com o futuro. O cenário descrito em Era de Aquária – A grande inundação foi inspirado no risco real de aumento do nível do mar por causa do derretimento das calotas polares.  O apocalipse pode ser evitado, sim, desde que o planeta acorde para a necessidade de preservação da natureza. Mas isso depende de educação e consciência política, no momento em falta em tantos países, incluindo o Brasil. O atual governo é um retrocesso em todos os setores e também uma ameaça ao meio ambiente, ao colocar interesses econômicos,  principalmente do agronegócio, acima da preservação da natureza.

Alex - A ficção científica fala do futuro, mas está de olho no presente. Estamos preocupados com o hoje. As especulações criativas sobre o amanhã só refletem nossa visão sobre o que acontece hoje. E, a meu ver, o Brasil e o mundo em geral está se colocando no caminho da autodestruição. O que não significa o fim.Minha teoria é que, não importa o quão destrutivo for nosso destino, a sociedade sempre encontra uma forma de adequar sua rotina ao novo cenário. E isso não é uma visão otimista, pelo contrário. Essa adaptação tem mais a ver com comodismo do que superação. A gente sempre vê os maiores absurdos acontecerem no nosso dia-a-dia, de violência a opressão, mas, passado o choque, as pessoas estão preocupadas mesmo é em chegar no horário ao trabalho, pagar o boleto sem multa e se seu time não vai perder o clássico. O fim do mundo será apenas mais uma dor de cabeça de um dia cheio. No máximo vai render um meme do tipo "eu sobrevivi ao apocalipse" para a gente usar nas redes sociais

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O Coletivo KriptoKaiporaé:
Alex Xavier | André Cáceres I Dani Rosolen | Denise O. Freire | Fabio Mariano | Fred Vieira | Gabriel Felipe Jacomel | Gastão Moreira | Giovanna Picillo | j.p. rezek | Luiz Bras | Nanete Neves | Nathalie Lourenço | Paulo Lai Werneck | Renata Py | Ricardo Celestino | Ricardo Motomura | Sonia Nabarrete | Tobias Vilhena


  
     Agende:
Lançamento: 27 de abril
Local: 
Lola Bar, rua Brigadeiro Galvão, 469 - Barra Funda
Informações: https://www.facebook.com/events/347514562552980/ 




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