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cinco da tarde
.
temos um pecado nas mãos
uma televisão falando aos quatro cantos
& um uno mille prata 95 afogado
escorro-me pela garganta do mundo
um catarro-porra
um pedaço de bolacha molhada no café da manhã
& aquele teu olhar
que come as quinas das maças do meu rosto
nossa casa sobe aos céus no nosso sexo
mas a tesoura mágica das telas
decepou nossa língua arame doce
decapitou nosso cigarro fino
rasgou em terra seca nossa lágrima
passo apenas para te dar um adeus
em um amor eletro choque
em uma descarga de saliva
o pão da esquina
cinco da tarde
é somente teu
temos um pecado nas mãos
uma televisão falando aos quatro cantos
& um uno mille prata 95 afogado
escorro-me pela garganta do mundo
um catarro-porra
um pedaço de bolacha molhada no café da manhã
& aquele teu olhar
que come as quinas das maças do meu rosto
nossa casa sobe aos céus no nosso sexo
mas a tesoura mágica das telas
decepou nossa língua arame doce
decapitou nosso cigarro fino
rasgou em terra seca nossa lágrima
passo apenas para te dar um adeus
em um amor eletro choque
em uma descarga de saliva
o pão da esquina
cinco da tarde
é somente teu
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Foto de Milutin Nikolic |
lusco fusco
.
no escambo
dos retratos do sol
lusco fusco em
meu coração de pomba-gira
o abraço das serpentes peçonha das tuas pernas
me desfalece no colchão colado
duzentas gramas de presunto
bicho morto na geladeira
& um dreher gengibre pela metade
apunhalado entre os travesseiros
nada mais queremos
somos crosta terrestre um do outro
somos mel, metal & semente dentro
um do outro
enquanto o sol pinga atrás da janela
no escambo
dos retratos do sol
lusco fusco em
meu coração de pomba-gira
o abraço das serpentes peçonha das tuas pernas
me desfalece no colchão colado
duzentas gramas de presunto
bicho morto na geladeira
& um dreher gengibre pela metade
apunhalado entre os travesseiros
nada mais queremos
somos crosta terrestre um do outro
somos mel, metal & semente dentro
um do outro
enquanto o sol pinga atrás da janela
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Arte de Rhad |
colunas
.
navios naufragados
na encosta do meu peito
sambas diurnos & vagões vazios
& carros afogados
maltratam o pescoço
debaixo dos escombros
& colunas moídas do meu corpo
é bem possível encontrar um deus
soterrado, na forma de uma criança
pedindo água
dirijo & o mar me engole
cuspo & as rodas rasgam
neblina nas vistas
& um gole daquele teu destilado
aquele que você insiste em esquecer
no chão da minha casa
quarta-feira de cinzas
corre nas minhas veias
.
navios naufragados
na encosta do meu peito
sambas diurnos & vagões vazios
& carros afogados
maltratam o pescoço
debaixo dos escombros
& colunas moídas do meu corpo
é bem possível encontrar um deus
soterrado, na forma de uma criança
pedindo água
dirijo & o mar me engole
cuspo & as rodas rasgam
neblina nas vistas
& um gole daquele teu destilado
aquele que você insiste em esquecer
no chão da minha casa
quarta-feira de cinzas
corre nas minhas veias
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.
eu tenho uma vizinha
que escuta k-pop o dia todo
as entranhas do apartamento dela tremem
eu saio na janela pra fumar
e escuto o k-pop
que vem da vizinha o dia todo
ela deve dançar
por isto que
as entranhas do apartamento tremem
vizinhos não dançam
vizinhos trepam, brigam ou se suicidam
nem xícaras de açúcar para emprestar existem mais
fumo na janela escutando k-pop o dia todo
conclusões:
estou consumindo menos açúcar
e vizinhos dançam também
as noites são tão silenciosas
eu tenho uma vizinha
que escuta k-pop o dia todo
as entranhas do apartamento dela tremem
eu saio na janela pra fumar
e escuto o k-pop
que vem da vizinha o dia todo
ela deve dançar
por isto que
as entranhas do apartamento tremem
vizinhos não dançam
vizinhos trepam, brigam ou se suicidam
nem xícaras de açúcar para emprestar existem mais
fumo na janela escutando k-pop o dia todo
conclusões:
estou consumindo menos açúcar
e vizinhos dançam também
as noites são tão silenciosas
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k-pop 2
o homem pedra
no caminho de drummond
o homem casca & terra
quando eu nasci
um anjo bêbado chutou-me
chutou-me como um planeta que desce
como as paredes que escutam
minha vizinha, maior de idade já
menina graúda, como dizia meu avô
ainda escuta k-pop o dia todo
eu pareço uma pedra
no centro, bem no cu da sala
deitado
escutando o k-pop da vizinha
drummond me chutaria hoje
___________
Felipe Pauluké um curitibano residente em Londrina, jogou na loteria da vida e numa quina, tirou o menor prêmio, a literatura. lançou seu primeiro livro, Meu Tempo de Carne e Osso em 2011). Hit The Road, Jack, romance em 2012. Em 2015, foi lançado Town, novo romance do autor. "Comida di butequim" e "Tórax de São sebastião" foram seu dois livros de poemas publicados em 2016. 2017 "Manual Prático de Perna Mecânica para Cantores", ele lançou pela BAR EDITORA. Felipe também é roterista.
Felipe Pauluké um curitibano residente em Londrina, jogou na loteria da vida e numa quina, tirou o menor prêmio, a literatura. lançou seu primeiro livro, Meu Tempo de Carne e Osso em 2011). Hit The Road, Jack, romance em 2012. Em 2015, foi lançado Town, novo romance do autor. "Comida di butequim" e "Tórax de São sebastião" foram seu dois livros de poemas publicados em 2016. 2017 "Manual Prático de Perna Mecânica para Cantores", ele lançou pela BAR EDITORA. Felipe também é roterista.