![]() |
Imagem: Aaron Siskind |
Poemas de Ney Ferraz Paiva
"a morte é mais forte que a linguagem"
Pavese ensinava a arte de cair sem se machucar
até que naquela noite até que eu mesmo li a notícia ou alguém me disse por telefone
Pavese matou-se Pavese não teve como se manter no ar
de seu salto de seu pulo de sua corda muito bem atada
não teve como se manter no ar: o medo de cair indica o lugar da queda
o medo de cair atravessa sua lâmina – aceitamos em silêncio cada golpe
quando se está crescendo quando nada mais virá a você imantado ou imaculado
quando os nervos se dissolvem ou se pode peneirar os ossos
quando consertar os danos está fora de questão resta a ponta perfurante
o pedido de perdão é a ponta perfurante pronta a atacar
o amor & seu fio duplo chegando chegando sobre a face
as cordas se distendem – o medo flutua & te solta no ar
até que naquela noite até que eu mesmo li a notícia ou alguém me disse por telefone
Pavese matou-se Pavese não teve como se manter no ar
de seu salto de seu pulo de sua corda muito bem atada
não teve como se manter no ar: o medo de cair indica o lugar da queda
o medo de cair atravessa sua lâmina – aceitamos em silêncio cada golpe
quando se está crescendo quando nada mais virá a você imantado ou imaculado
quando os nervos se dissolvem ou se pode peneirar os ossos
quando consertar os danos está fora de questão resta a ponta perfurante
o pedido de perdão é a ponta perfurante pronta a atacar
o amor & seu fio duplo chegando chegando sobre a face
as cordas se distendem – o medo flutua & te solta no ar
"declaração a favor da morte"
feridas são refúgio amistoso
a poesia deve abrir feridas
é necessário conseguir isso
encostar a língua bem rente
pôr a larva na palavra fatal
infinitas repetições da morte
a poesia exaure o animal
feridas são refúgio amistoso
a poesia deve abrir feridas
é necessário conseguir isso
encostar a língua bem rente
pôr a larva na palavra fatal
infinitas repetições da morte
a poesia exaure o animal