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o olhar sobre as coisas quando intercepta o seu relevo - poemas de Leonardo Bachiega

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Fonte: www.meioambientenews.com.br






fiz dos olhos lentes de tubarão

sei dos antigos
as quinas das cassiopeias
estão nas cifras botânicas
e nos compassos de navegação
e no lugar que tem o amor
no fim não tem ninguém










você ainda não leu os ossos

o chão é sério
formigas rasuram de tanto trabalhar
a cortina parece um fole
se o ar tem uma caixa harmônica
e um tórax
se você desalinhar a métrica
você diminuirá a saudade










já são quinze anos

se pudesse se aproximar do ventre
a água viraria sopro
e uma lágrima
que um soro aproveitaria - me
se viesse o vagalume
na sua liberdade de iluminar
sem precisar iluminar
e se as mãos desobrigassem
algum relento










não precisa tanto

se o mar secar
ele não será profundo
como antes
se não mergulhamos mais
nas coisas
quando o fio do leite condensado
se separar da colher
e ficar mais fácil entender
que mastigar










 céu derrama xarope

empilhadeira nas pernas
que um laço e um papel
bagagem é uma coisa
que se carrega nas costas
evitando o peso do mundo









_________________ 
Leonardo Bachiegaé poeta, arquiteto e urbanista, pós–graduado em Barcelona. Nasceu em 1980 na cidade de São Paulo - Brasil, onde mora hoje, é autor de Poema Número Um (2016), seu livro de estreia, também publicado em Portugal. O seu segundo livro A cidade desabotoada, está previsto para 2018. Tem poemas publicados nas revistas InComunidade e Literatura e Fechadura


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