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4 POEMAS DE JANDIRA ZANCHI

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Ilustração: Bridge Bate


CONTAINER

crer ou
perder
(a cada dia)
um desses emblemas
- falsos –
ou não...

cálidos
como
vale tudo

um aprendizado
seco e faminto

quase cego
e opaco
ou lúcifer

factóides de acertos com o nada

facetas
             claras
clarividentes de espumantes
desse nirvana nervoso
dos que se pretendem
vácuos vacinados vacilantes

hibernados

em um deus de novo container
magro branco arejado
composto de forma a
nunca ser reposto ou removível

tão servo
e saliente
que posso apostar
em decanos
e algum front

uma durabilidade para 4 ou 5 décadas

neon quase plástico na configuração barata e doce
da terra plana.



CONFISSÃO

tão sereno como a noite é esse despertar
nostálgico e  perfume - insalubre- do caos da terra
nesse exercício, contínuo, de apreensão (ainda quando permanecida
dos tons e nuances de algum primeiro acorde)

varro esperanças como quem colhe pequenos goles
- maiúsculos e menores - do instante permanecido de cada sonho
músculos se quebrando em muitos motes e motivos
(insanos, alheios e mercantis em suas esquivas formas)

formatação de conspirados motins para mover-me
na nau navegante
espuma e terra caindo de alguma fresta do céu

..................................................................percebo
na longa instância dessas medidas sem vento
a ascensão de brevidade e frescor do que permanece

caído e erguido e passante

um movimentar de quietudes,cientes, quase uma confissão na tela do tempo.



CANTEIROS

dias não confiáveis,esses, sem sonhos
                                                          delírios sem hoje
o som de um murmúrio azul e aberto ao sol
nubente de alguma manhã

risos sem festas
acanhados passantes (foi um vento do céu)
tão distantes e passageiros como uma coleção de dias
noites naufragas
moribundas da terra
estio na margem
                                a imagem

pecado levado e agonizado
estreitado o altar

vai ser preciso se despedir de tudo
ou tudo vai se despedindo com acenos sem até breve

canteiros sem flores

um dia,nesse chão ou nas suas proximidades
chuva fina opaca
vertical e sem dor.



FRONT

undécima hora
enésimo front
frenesi no fascículo
febril

fátua manhã no corredor aceso desse dia.






Jandira Zanchi é poeta, ficcionista e editora (singularidade). Publicou A Janela dos Ventos (singularidade, 2017), Área de Corte (Patuá, 2016), Gume de Gueixa (Patuá, 2013) e Balão de Ensaio (Protexto, 2007). Integra o conselho editorial de mallarmargens revista de literatura e arte contemporânea.




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