![]() |
Ilustração: Bridge Bate |
CONTAINER
crer ou
perder
(a cada dia)
um desses emblemas
- falsos –
ou não...
cálidos
como
vale tudo
um aprendizado
seco e faminto
quase cego
e opaco
ou lúcifer
factóides de acertos com o nada
facetas
claras
clarividentes de espumantes
desse nirvana nervoso
dos que se pretendem
vácuos vacinados vacilantes
hibernados
em um deus de novo container
magro branco arejado
composto de forma a
nunca ser reposto ou removível
tão servo
e saliente
que posso apostar
em decanos
e algum front
uma durabilidade para 4 ou 5 décadas
neon quase plástico na configuração barata e doce
da terra plana.
CONFISSÃO
tão sereno como a noite é esse despertar
nostálgico e perfume - insalubre- do caos da terra
nesse exercício, contínuo, de apreensão (ainda quando permanecida
dos tons e nuances de algum primeiro acorde)
varro esperanças como quem colhe pequenos goles
- maiúsculos e menores - do instante permanecido de cada sonho
músculos se quebrando em muitos motes e motivos
(insanos, alheios e mercantis em suas esquivas formas)
formatação de conspirados motins para mover-me
na nau navegante
espuma e terra caindo de alguma fresta do céu
..................................................................percebo
na longa instância dessas medidas sem vento
a ascensão de brevidade e frescor do que permanece
caído e erguido e passante
um movimentar de quietudes,cientes, quase uma confissão na tela do tempo.
CANTEIROS
dias não confiáveis,esses, sem sonhos
delírios sem hoje
o som de um murmúrio azul e aberto ao sol
nubente de alguma manhã
risos sem festas
acanhados passantes (foi um vento do céu)
tão distantes e passageiros como uma coleção de dias
noites naufragas
moribundas da terra
estio na margem
a imagem
pecado levado e agonizado
estreitado o altar
vai ser preciso se despedir de tudo
ou tudo vai se despedindo com acenos sem até breve
canteiros sem flores
um dia,nesse chão ou nas suas proximidades
chuva fina opaca
vertical e sem dor.
FRONT
undécima hora
enésimo front
frenesi no fascículo
febril
fátua manhã no corredor aceso desse dia.
Jandira Zanchi é poeta, ficcionista e editora (singularidade). Publicou A Janela dos Ventos (singularidade, 2017), Área de Corte (Patuá, 2016), Gume de Gueixa (Patuá, 2013) e Balão de Ensaio (Protexto, 2007). Integra o conselho editorial de mallarmargens revista de literatura e arte contemporânea.