expressionismo abstrato
às vezes tudo são cores: paleta de cinzas com prata no mar
misturando-se aos tons escuros do céu, do horizonte; ou então
são azuis, muitos azuis diferentes, até esverdeados, e o branco
das nuvens; ou então logo cedo são rosas e roxos, e há também
os verdes e marrons das árvores da mata atlântica, que à distância
chegam a ficar também azuladas, lá longe
nos morros em que se penduram.
misturando-se aos tons escuros do céu, do horizonte; ou então
são azuis, muitos azuis diferentes, até esverdeados, e o branco
das nuvens; ou então logo cedo são rosas e roxos, e há também
os verdes e marrons das árvores da mata atlântica, que à distância
chegam a ficar também azuladas, lá longe
nos morros em que se penduram.
às vezes há vento, às vezes há movimento.
expressionismo abstrato II
depois de John Milton e Robinson Jeffers
não sei se vi ou sonhei que vi
mas o que vi ou sonhei que vi era tão
tão bonito. vi todas as cores, todos os tons, as nuvens, o
horizonte; o sol e as estrelas, as copas das árvores, as árvores
e a vegetação rasteira; vi homens, mulheres
e animais. vi pedras e rios,
vi o mar. até o vento eu vi, não sei se vi ou sonhei que vi.
mas o que vi ou sonhei que vi era tão
tão bonito. vi todas as cores, todos os tons, as nuvens, o
horizonte; o sol e as estrelas, as copas das árvores, as árvores
e a vegetação rasteira; vi homens, mulheres
e animais. vi pedras e rios,
vi o mar. até o vento eu vi, não sei se vi ou sonhei que vi.
expressionismo abstrato III
apenas luz e sombra. volume, traço e ilusão. exatamente como um poema. assim meu pai me explicou o que era a pintura. num outro dia, não me lembro quando, ele me explicou o que era um poema: respiração, ritmo, tensão, expansão e contenção, sentimento e razão. exatamente como uma pintura, ele disse. depois meu pai ficou de me falar sobre as coisas da vida. só que jamais fez isso. ou porque não pudesse, eu pensei, ou porque não soubesse.
Imagem: foto do autor
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André Caramuru Aubert nasceu em São Paulo em 1961. É editor, tradutor e escritor. Já colaborou com publicações como O Estado de S. Paulo e Jornal do Brasil. Atualmente é colunista da revista Trip e colaborador do jornal Rascunho, para o qual mensalmente seleciona e traduz algum poeta estrangeiro. Publicou, pela editora Patuá, os livros de poemas Outubro/Dezembro e As cores refletidas nas lentes dos seus óculos escuros. E pela editora Descaminhos os romances A Vida nas Montanhas, A Cultura dos Sambaquis, Cemitérios e Só uma estranha luz como pensamento.