I – flor diamante estrela | |||||
do grego pales pó um pólen (menor que o do miosótis) galga a escala da forma sobe ao topo das pétalas ao zênite das corolas alçando-se elástico ao céu fragrante da graça do latim adamas indomável um broto mineral que medra seu cristal de carbono e quilates nos cubos onde cortes avultam e refratam aves de luz nos átomos do persa stara estrela a célula onde a lágrima de gravidade e plasma engendra seu gérmen de lampejo e febre até ser uma esfera gigantesca de hélio do francês Isabelle Deus é plenitude show de archotes que enxergo no sideral jardim-minério exibir após nove meses seu quasar de sedas e cheiros zimbório-buquê de estelares gemas e rosas brilhantes ou sol balançando milhares de flamas e flóreos diamantes | |||||
II – 6:29 | |||||
SOL neonato pelo pátio do hospital entre copas e odes de pássaros ou na sala de parto DILATA-SE fora entre frondes e trilos ou na ala obstétrica PARIDO [a mãe é um céu que lancina a íris do pai] ESTRELA MAGNA agora (entre médicas) um pequeno palato a sugar calor lácteo NUELO CORPO no qual a alvorada além do hall e a aurora nascida sobre o lençol fundem fanal e farol a salmos salinos que glorificam a dádiva virgem DA VIDA | |||||
III – cristalina | |||||
lírico brinco incolor miniatura do mar trêmulo apêndice da chuva úvula de orvalho ímã de prismas vitral de estrelas GOTA [gutta] minúscula pupila de plasma ou globo de cálcio arco de carbono onde o estandarte solar (digitus Dei) freme e refrata | |||||
adriano wintter | |||||||||||
Époeta e tradutor. Nasceu e reside em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Integra as antologias: Escriptonita (Pátua, 2015), Prêmio Escriba (2015) e Femup (2010). Tem coletâneas e traduções publicadas em revistas da Espanha, Portugal, México, Chile, Colômbia, Argentina e Brasil. | |||||||||||