Selvagem
A tequila derramada
pouco antes de chegar aos lábios,
os olhos ausentes,
a língua em caracol
encontra o nicho na garganta,
os neurônios ávidos de oxigênio
desempoam a lembrança,
A justiça é assunto de selvagens.
Envelhecido
o cristal do olhar,
o gelo da tua boca,
a realidade no teu copo
que transpira.
Doente você diz?
É voz de arenosa ressaca.
A cabeça, entretanto
me dói de medo,
como a de um touro depois da estocada.
Pavor vulgar ao que está por vir.
É voz de arenosa ressaca.
A cabeça, entretanto
me dói de medo,
como a de um touro depois da estocada.
Pavor vulgar ao que está por vir.
Salvaje
El tequila derramado
justo antes de llegar a los labios,
ojos ausentes,
la lengua en caracol
encuentra nicho en la garganta,
neuronas ávidas de oxígeno
desempolvan el recuerdo,
La justicia es asunto de salvajes.
Envilecido
el cristal con que se mira,
el hielo de tu boca,
realidad en tu vaso
que transpira.
¿Enfermo dices?
Es voz de arenosa resaca.
La cabeza en cambio
me duele por el miedo,
igual que al toro después de la estocada.
Pavor vulgar a lo que vendrá.
Selección del poemario Orgía (Uruk Editores, 2014)
I
Quarto clonado, noviço incluído;
o espelho é sempre censura e arrebata disfarces
jogando-os pela janela.
Cigarros em camicases,
radicais livres contra membranas celulares
e um sorriso morto nos lábios.
A fã masoquista do espírito,
Se ainda vive
Se ainda não sangra
o calorzinho deixado na cama,
o calorzinho deixado na cama,
esse choro de cachorra
uma fera
hoje domesticada.
II
A morte cai e no campo acaricia a pele ,
Se aproximam abutres, cortejo fúnebre.
Tenho perdido até a vergonha,
até os olhos de adulto
para te olhar como olha uma criança.
III
Ela esta ejaculada na tua derme,
descarga elétrica que atina a cem
E explode em minhocas o calcanhar.
Quando atiras a cabeça pela janela
para gritar dor na madrugada,
não se assustam os homicidas.
Se tenho cicatrizes mais profundas
que As Marianas com as quais enfeitastes meus olhos.
IV
Oxigênio te envelhece.
Mitocôndrias, vida e morte.
leveza do ADN,
multiverso te salve em branas de eternidade,
gozarás outros átomos
entre orgíacos grávitons de ressaca dimensional.
I
Habitación clonada, novicio incluido;
el espejo como siempre increpa y arrebata disfraces
lanzándolos por la ventana.
Cigarros en kamikaze,
radicales libres contra membranas celulares
y una sonrisa muerta en los labios.
Afán masoquista del espíritu,
si aún vive
si aún no desangra,
el calorcito que dejas en la cama,
con este llanto de perro
otrora fiera
hoy domesticada.
II
La muerte cae y acaricia la piel en el campo,
se acercan buitres, cortejo fúnebre.
He perdido hasta la poca vergüenza,
hasta los ojos de adulto
para mirarte como mira un niño.
III
Ella está eyaculada en tu dermis,
descarga eléctrica que atiza la cien
y explota en gusanos el talón.
Cuando has sacado la cabeza por la ventana
para gritar dolor a la madrugada,
no asustan las homicidas.
Si tengo cicatrices más profundas
que Las Marianas con las que adornaste mis ojos.
IV
Oxígeno te envejece.
Mitocondrias, vida y muerte.
levedad del ADN,
multiverso te guarde branas de eternidad,
gozarás otros átomos
entre orgiásticos gravitones de resaca dimensional.
Galeria: Bernoit Courti
Galeria: Bernoit Courti
David Monge Arce (Alajuela, Costa Rica. 1980). Publicou a coletânea de poemas chamada Orgía com a editorial UrukEditores (2014) e contos na revista Tópicos del Humanismo da Universidade Nacional (Costa Rica). Tem realizado colaborações para a revista Literofilia e o jornal La Nación na Costa Rica e o suplemento cultural Rayuela no México. Além disso, foi colunista na revista argentina BreakingAway onde publicou artículos relacionados com a forma cinematográfica. Também, vale ressaltar sua participação em vários festivais internacionais de poesia na Costa Rica, Guatemala, México e Argentina. O autor foi convidado oficial da Feria Internacional do Livro na Guatemala. Foi apresentador e roteirista de documentários de curta-metragem Cine Cultura produzido por Mi Butaca Vip.com, assim como moderador e expositor em cine- debates organizados por Mi Butaca Vip.com, Club Magaly, as embaixadas de França e Alemanha na Costa Rica e na Universidade Técnica Nacional. Por último, destacamos que David Monge Arce é fundador e coordenador da Oficina Literária Alajuelense.
Claudia Rojas Bravo (San José, Costa Rica. 1991). Formada em Geografia pela Universidade Federal de Santa Catarina em Florianópolis, Brasil. Após seis anos de experiências morando no Brasil, tem realizado traduções livres do idioma português ao espanhol e vice-versa, entre elas a Tese de Doutorado “A forma e as Aparências: História e Vida Social dos Ulwas de Karawala”, Caribe Nicaraguense. Atualmente é professora autônoma de português na academia “El Ritmo de la Lengua”, pela qual também promove a cultura brasileira na Costa Rica.