penetrando a minha vida.
Quantas mulheres se doam para sobreviver,
isso eu já não tenho dedos para saber contar.
Tem gente que gosta de brincar de roleta russa,
trancafiando-se em salas escuras de Nova Orleans.
Mas eu, eu nasci aqui, dentro de mim.
Meu tigre não tem olhos tristes
e a merda não permite trocadilhos
pra dentro da vida privada.
Escarro poemas nos pés dos que se acham muito santos
e dedilho dilemas como Hendrix.
Jimi renda-se! Já trocadilhava Tom Zé,
então eu também posso suar como arroz com suan.
Há cânions a se desbravar em Nova Campina.
Há frutas divinas escondidas nas meninas mais tímidas.
Aracaju não deixa deixas para proselitismos.
Cada viagem, um abismo em minha fisionomia afetada e fé.
Irretorquível, cável. Hábil, ágil.
Onde a marca da mordida fica a pele desabestraga.
Mas eu não sou parâmetro para contravenções mais frágeis.
A minha permissividade com a vida torna a palavra vadia uma pomba de luz.
E eu, que nasci pra carregar a cruz de desejos que anseiam topos lunares, ha!,
rodopio ao contrário e acho todo moralismo um verdadeiro pé no saco.
Pedra no sapato. Repasto pra boi dormir.
Fui ao xilindró mais próximo comprar artigos de luxo,
mas acabei levando das sedas apenas os bichos.
Maltrapilho, tratado como lixo,
choco um pouco mas recomponho-me
e vestido de besta me exponho.
A pele incontornável é delineada de espasmos.
Atire a primeira pedra quem não gosta de ser cobra-cega,
fazendo-se de sonso para amenizar o peso de entender
e não fazer mais do que olhar.
Comer.
Foder.
A vida como um espetáculo
e a gente alternando entre plateia e palhaço.
Estrada mexe comigo.
Umbigo arrepia-se em cada curva esquina.
A pena rima com sina: ma rina, má rima.
Não embalo-me, abalo-me.
Deixo estropiar para depois desaprender o mágico.
O trágico está no olhar abaulado sobre as coisas
que não nos causam estragos.
Se estragam, comovem-nos.
Mas então é ocorrência fixa.
Aquela cicatriz que dialoga com as almas
de existências que nem nos pertencem mais.
Sinais de alerta no meu coração: nunca ande com estranhos de si mesmo.
Nunca cavalgue pangarés que galopam rumo a moinhos imaginários.
Ou então, lute com eles, Quixote contemporâneo!