coluna mallarvista nr. 008 |
.:. Chris Herrmann e Nuno Rau .:.
COLABORADOR: Jean Carlos Gomes
O entrevistado do oitavo número da coluna mallarvista
é o escritor e acadêmico Antonio Carlos Secchin:
COLABORADOR: Jean Carlos Gomes
O entrevistado do oitavo número da coluna mallarvista
é o escritor e acadêmico Antonio Carlos Secchin:
1- Como se sentiu quando foi eleito para a ABL?
ACS:Feliz e honrado, e ao mesmo tempo que desafiado para estar à altura da expectativa dos que se manifestaram por meu nome para ingressar na mais importante instituição cultural do país.
2- O que mudou para o escritor depois dessa nova conquista?
ACS:Permaneço a mesma pessoa e, suponho, o mesmo escritor. A Academia confere maior visibilidade a seus membros, mas não interfere diretamente na produção dos acadêmicos.
3- Diante da crescente relevância das mídias digitais, que novo cenário, em sua opinião, se desenha para a literatura brasileira?
ACS:As novas tecnologias democratizaram a circulação da literatura, o que é ótimo, mas temo que, em decorrência dessa mesma facilidade de exposição, acabemos por ter mais escritores do que leitores.
4- A constante crítica de que somos um país de poucos leitores interfere de alguma forma em sua atividade?
ACS:Quando escrevo, considero o público a que me dirijo o, mas nem por isso procuro oferecer o que esse público espera. Cabe ao escritor sempre surpreender a expectativa alheia.
5- O que a Literatura de mais satisfatório lhe proporciona?
ACS:A possibilidade de explorar os ilimitados domínios da linguagem e assim dissolver percepções, temas e formas já sedimentados na rotina e no lugar-comum.
6- Qual é, a seu ver, a função da Literatura na sociedade?
ACS: A função de não ser funcional, de não se deixar aprisionar nas malhas do discurso ostensivamente utilitário e pragmático.
AUTORRETRATO
A Flávia Amparo
Um poeta nunca sabe
onde sua voz termina,
se é dele de fato a voz
que no seu nome se assina.
Nem sabe se a vida alheia
é seu pasto de rapina,
ou se o outro é que lhe invade,
numa voragem assassina.
Nenhum poeta conhece
esse motor que maquina
a explosão da coisa escrita
contra a crosta da rotina.
Entender inteiro o poeta
é bem malsinada sina:
quando o supomos em cena,
já vai sumindo na esquina,
entrando na contramão
do que o bom senso lhe ensina.
Por sob a zona da sombra,
navega em meio à neblina.
Sabe que nasce do escuro
a poesia que o ilumina.
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acervo pessoal ACS |
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acervo pessoal ACS |
Nascido no Rio de Janeiro em 10 de junho de 1952. É o sétimo ocupante da Cadeira nº 19, eleito em 3 de junho de 2004, na sucessão de Marcos Almir Madeira e recebido em 6 de agosto de 2004 pelo acadêmico Ivan Junqueira. É Doutor em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1982). Professor de Literatura Brasileira das Universidades de Bordeaux, (1975-1979), Roma (1985), Rennes (1991), Mérida (1999) Paris III-Sorbonne Nouvelle (2009) e da Faculdade de Letras da UFRJ, onde foi aprovado (1993), por unanimidade, com nota máxima, em concurso público para professor titular. Em 2013, tornou-se professor emérito da UFRJ.
Mais sobre o escritor: www.academia.org.br
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