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POEMAS DE MATEUS ANDRÉ

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Albinices 


- Dê uma lâmina velha
de estilete para o bebê
albino brincar,
depois disso se aventure
a tirar fotos, do avermelhado
de seu corpo e do arredondar
de sua face.

- A menina albina não se encontra,
deixou apenas seu berço branco
e marcas no respirar.

- O albinismo pertence somente aquelas
pessoas que dizem pelo olhar.

- Toda e qualquer vestimenta sempre
cairá bem em todo e qualquer corpo albino,
pela sua transparência.

- A menina albina ainda colore
seu cabelo com fitinhas azuis.

- O pequenino albino encontrou
um corte profundo em seu
braço direito, passou a mão gordinha
e a coloriu pela viscosidade,
levou-se aos dentes,
sorriu, infinitamente.





Sei que não existe


Zero e alguma parte
Não sinto
meu coração
em tom
avermelhado,
deve estar
esmaecendo
feito seus
dedinhos
risonhos.


Zero e parte nenhuma
Se um
bebê, o meu
filho,
chorasse
em meu colo
com seu olhar
de porcelana,
me fragmentaria
juntamente
com ele.


Zero e o início
Prefiro jogar os rostos dos
meus filhos em uma
parede gelada de metal,
sentir o sangue,
despir-me das lágrimas
adentrar-me no mutismo
e observar esse olhar
em forma de nuvem embaçada
depois disso não dizer nada.


Zero depois do tempo
Um boneco branco
nesse manto esverdeado
não me presenteia,
apenas diz com o olhar,
eu sei muito bem
que não te enxergo
apenas plastifico
esse corpo,
que poderia ao menos
parar de dar espasmos
líquidos, fluídos, idiotas.



fotos: Mateus André

*    *    *








Mateus André, escritor goiano, autor dos livros “Blocos de Montar” (Kaio) e “Bebê Auê” (Multifoco), graduando em Letras pela Universidade Federal de Goiás - Campus Catalão.







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