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A bengala de Chaplin, de Flávio Dias: Eleazar Venancio Carrias

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A Bengala de Chaplin (e-galáxia, 2016) este excelente livro de Flávio Dias, proporciona uma leitura ao mesmo tempo desafiadora e prazerosa.
A partir de “exercícios coloridos de técnica narrativa”, o autor propõe uma tese que a própria forma do livro vem confirmar: “Uma vida interior intensa traz como consequência uma gramática íntima confusa, bipolar, sem leis definidas”.
Este é o tipo de romance que não se faz “sem algumas pauladas na poesia”, para citar o próprio narrador de A Bengala de Chaplin. Algumas imagens – “Um cigarro quente de sol” – podem levar o leitor apressado a concluir que a narrativa é, na verdade, um longo poema em prosa.
Mas o que importa não é identificar ou classificar o gênero literário predominante nesta obra de Flávio Dias. Pelo contrário, o livro nos convida a ver a literatura como exemplo da possibilidade de se viver a vida como uma arte da citação – arte criativa! As várias referências à cultura pop e às artes denunciam e celebram nossa interdependência das coisas, dos lugares, das pessoas e dos eventos mais banais do cotidiano.
Ao final, concluímos que as lacunas deixadas pelo narrador servem para isto, para nos mostrar que “nem toda a literatura deveria ser escrita, e muito menos vivida”, sob o risco de se diluir o mistério da vida. E o que é uma vida, se lhe falta o mistério?



Eleazar Venancio Carrias nasceu em 1977, no Pará. É autor de Quatro Gavetas (2009), vencedor do Prêmio Dalcídio Jurandir de Literatura 2008, na categoria poesia. Publicou nas revistas Macondo, Eutomia e mallarmargens, além de ter participado de duas ou três antologias. Regras de fuga, seu segundo livro, saiu em 2017, pela e-galáxia.

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