AOS OLHOS DO ASTRONAUTA
O planeta caminha em círculos,
Como se estivesse perdido
Dentro de um sistema que o escraviza
Para cumprir o movimento em silêncio contínuo.
O planeta percorre fugindo
Em ambientes repetidos,
Não ousa transgredir o espaço;
O que pelo menos é tentado
Pelos homens da imaginação.
O planeta se desenrola
Com suas vísceras manchadas
Por sangue e fumaça
De seus filhos bastardos.
O planeta segue marchando sempre confuso
Sobre qual deus da fantasia humana
Realmente o criou.
O planeta se transmuta
Em berço e sepultura
Para uma reciclagem necessária.
A natureza segue o mapa
Conforme o teatro
De um animal ferido por traição.
O planeta quebra as pernas e se arrasta.
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Júlio Camargo de Abreu, nascido em 1989 no Distrito Federal. Fotógrafo e escritor e graduando em Comunicação Social pela Universidade de Brasília.