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Ilustração: Naoto Hattori |
CENÁCULO
é longa a estrada, as ladeiras licenciadas
qual crepúsculo horizonte acontecido
aonde vítimas se espremem
em espanto/espetáculo
corridos por entre o cenário
o cenáculo e o arrombo
(nenhum assombro)
é de estilo e grande firmeza o centro da lua, sua face morena
amarela de susto
satélite de fulgor comedido ainda que
crateras abertas de desejos em diáconos e declives
ao luzir da tarde essa assumida e asseada fresta (faísca
de furibundas virgens vencidas no prazo da penitência..)
mas, ainda é luz na meada da noite
círculo bendito e quase casto
dessa cidade circundada (altar/arcanjo)
.................ciranda......................
LUCÉLIAS
lucélias enviesadas lubrificam-se de louros
e lascivos arranjos
para inteirar-se, conforme caldos e/ou silêncios,
dos arrombamentos em prantos (pontífices).
ALFABETO
e são menores e mais fugidias as festas escrevinhadas desse outono
maremoto vazio tardio tenaz recôndito/ bloqueio andaluzes de
cinderelas e reviravoltas: nuances, vagas de confidências
dessa casa/alma ( quase verão tangível sinistro/solitário
mormaço em/ou noitinhas)
noites mais longas destituídas de tempos :alentos para os mares
crases crises finitas e fendidas na fenda e no vácuo
alto deus imberbe acossado pelos brancos
(de fato quase alvos) ajustes e assentamentos
do tempo, da leva sonora de dias e diabos (arcados)
acolhidos na front do santo e do pecado
e do estado e do esquecimento....
noites mais longas destituídas de tempos :alentos para os mares
crases crises finitas e fendidas na fenda e no vácuo
alto deus imberbe acossado pelos brancos
(de fato quase alvos) ajustes e assentamentos
do tempo, da leva sonora de dias e diabos (arcados)
acolhidos na front do santo e do pecado
e do estado e do esquecimento....
ALIENADOS
já não tenho o norte
me escapou no último instante
talvez diluído em anjos e sonhos e máscaras
marcas perfuradas em gotas gotejadas a cada marca tempo
no sal dos dias/ as noites que não entendi
os gritos calados de uns tantos
- olhos sempre machucados -
machucam, alienados, alcançam os cinco pontos
da misericórdia... nave loura do dia.
JANDIRA ZANCHIé poeta, ficcionista e editora (Singularidade). Integra o conselho editorial de mallarmarmargens revista de poesia e arte contemporânea.
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