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Ilustração: Liv Drum |
Caixa Postal
[Thiago Soeiro]
Mudo as estações do rádio
Na esperança de te achar
Em alguma canção
Ou anuncio publicitário
Há dias te procuro nos letreiros da cidade
Entre as linhas da minha mão
Mas parece que você brinca
De esconde-esconde comigo
Quando chego você já saiu
Nem nos meus sonhos aparece mais
Fugiu até a última página de um romance velho
Tuas inicias em tinta vermelha
Teu nome guardado para sempre
Na estante do quarto
E esse telefone que não toca
De quando os dragões falavam.
[Thiago Soeiro]
Coisas como: saudade, para sempre, finais felizes
Eram comuns naquela época
Bastava-nos um dia cheio de sol
Ou uma tarde de domingo
As coisas são mais simples
quando não se exige nada
Mas tem sempre alguém que espera um
Eu também
e quando não sabemos dizer
os domingos ficam menos felizes
o sol nem brilha mais em casa
Sempre tem alguém que insiste em calar os dragões.
(Poema dedicado a
Caio Fernando Abreu)
Fico
[Thiago Soeiro]
Eu fico entre o silêncio
E o som da tua voz
Um ruído novo
Neste mundo de
corações barulhentos
Fico entre os corais
e o teu maxilar
[Desviando todos os meus caminhos]
Ainda que eu desse
a volta ao mundo
Cairia bem aqui
No meio dos teus dedos
Às 18h
De um dia qualquer
Entre o beijo do poema
E o teu coração.
Thiago Soeiro, 28 anos, nascido em Belém do Pará, morou até os 18 anos na cidade de Monte Dourado-PA, onde começou seu contato com a escrita por meio de textos e cartas, desenvolveu sua poesia falando do seu cotidiano com o poema e todas as coisas que cerca a fica e seus sentimentos. Criou em 2010 o sarau Poema de Quinta, junto com outros amigos, participou de uma coletânea em Macapá intitulada Poesia Na Boca da Noite, criou em 2011 junto com o poeta Pedro Stkls, o grupo Poetas Azuis, que trabalha a popularização da poesia por meio da música e da fala, participou da Feira do Livro do Amapá nos anos de 2013 e 2014, com apresentações de recitais, exposições de poemas e mesas de debates.Em 2015 fez parte da exposição Poesia Agora, no Museu da Língua Portuguesa, que juntou 500 poetas de língua portuguesa de todo o mundo.