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4 poemas de Renan Chiaparini

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Gabriéla

Gabriela tem olhos de mexerica doce em setembro
Gabriela tem cabelos providos de sementes de ayahuasca e
sorrisos de lampião
Gabriela é de virgem, quase libra
Gabriela pinta quadros tarantinescos com a língua
Gabriela escreve pinturas
Gabriela é quase formada em gastronomia
Gabriela é quase formada em direito
Gabriela beira o nada e
é quase tudo
Gabriela planta sorrisos no cerrado atlântico
Procura-se Gabriela em plantas coloridas e garbosas pelo noroeste paulista
Procura-se Gabriela em flores de trombeta ao lado de estrumes naturais ao sol do meio dia no noroeste paulista
Procura-se Gabriela, que fugiu com Belchior, assasinou Paulina, beijou Ney Matogrosso, transou com Paris Hilton e entregou seus filhos ao Criolo
Encontra -se Gabriela nos corações de cordelistas famosos
Encontra-se Gabriela na Casa de Bukowski
Encontra-se Gabriela nas cóleras de Gabriel Garcia Marquez
Busca-se Gabriela pelos vãos de frestas de porta em baladas alternativas
Busca-se Gabriela para personagem em Best Seller
Busca-se Gabriela para suprir vícios
Gabriela não aborta
Gabriela pinta as unhas
Gabriela gosta das unhas curtas para não machucar ninguém
Gabriela é do amem
Gabriela gosta de vermelho
de preto
de laranja
e de mim
Gabriela é filha de Lucia
Irmã de Priscila
Tia de Miguel
e dona de si mesma
Disseram que Gabriela poderia virar verbo
Mas Gabriela é adjetivo análogo à bela
louca
feliz
Gabriela é adjunto adverbial Adversativo entre beleza e loucura
Já fui Gabriela um dia
Já quis Gabriela um dia
e agora, tenho Gabriela Pra sempre
Que mal há de todos quererem ser Gabriela?
e Por que só Gabriela, é
Gabriéla?


A maldita novela de radio

Ouvimos uma novela de radio as
11 da noite de uma história a mais
Que existiu por ai...
Uma história qualquer que
Nunca se fez presente...
Era uma moça que tutelava a ex sogra
Pedindo por um mísero afago de seu
Ex marido.
Ela tinha esperança de que o amor familiar
lhe traria bodas de THC...
Lhe traria Filhos que nunca fumariam crack...
lhe traria seu mais novo velho amor de uma noite de bebedeira
cheirando a trapo velho...
Ela achava que seus vícios seriam céleres e seu amor eterno
Pensava que com ele, não entrariam mais ratos em sua casa.
Que não importava suas falhas, seus vícios, seu cheiro, tampouco suas virtudes.
Ela queria morrer com a merda de um amor conquistado.
Sua conquista de vida pessoal era ter a porra de alguém.
E ouvimos tudo
toda aquela balela
romancista
de tragos de cigarros hollywoodianos
Esperando o ápice para um fim que parece feliz
Mas é triste
Após todas aquelas cenas
imaginativas que
traziam calafrios
nos compusemos e
tomamos 6 dramins para náusea
5 doses de risos para o ego
e levamos um vinho para ficarmos loucos em qualquer rua de qualquer cidade por ai.
Sentamos sobre a rua e nos despimos
eu me despi 26 anos, e ela uns 20 e poucos...
Eu vi
Eu estava lá
Eu vi um Cometa riscando o céu
Parecia um vaga lume
Viajando para o
Infinito
Discutimos sobre
Carmas
Danças contemporâneas
Bebendo um vinho barato
Junto com a musica que ali tocava.
Só clássicos!
Aquela radio me fez pensar que
Poderíamos viver só de clássicos
Só de lanche de
Mortadela defumada
E maionese caseira
E vendo seus olhos
Seus olhos verdes estavam lá
Eu estava lá
Ouvi suas nuances de vida
Sua vontade de ganhar um buquê de flores
Que não seja comprado pela indecência de se viver
Por um amor.
Você sempre quis um buquê de flores
De rosas que nunca murchassem e que você pudesse
Vê-las e admira-las como um amor forte
E eu farei o que se prefiro dar chocolates?
Gosto da efemeridade de um chocolate
Acredito nas nuances do tato da língua com o açúcar.
Acredito que um chocolate é mais real e palpável de quê
um buquê de flores
E que se eu lhe desse chocolates
Seus olhos verdes brilhariam em mim, por mim, naquela noite fria, e que, por um momento
Eu lhe fizesse feliz e amada
Através de chocolates
No meio de toda aquela conversa
Eu parei e
Revi seus olhos verdes de novo
Eles continuavam lá
Eu continuava lá
Eu há 5 minutos era um bêbado transeunte cheio de erros e falhas
Tinha uma vida digna de um garrancho.
Mas ali, perto de você, eu parecia um homem honesto e sagaz.
Meu hálito já cheirava flores
minhas cáries haviam me deixado
e meu cheiro, já era
bom
Olhei seus olhos mais de perto
Senti o toque dos seus lábios
e sua pele arrepiando entre meus dedos
Me lembrei da novela no radio...
e acho que
depois dessas míseras 3 horas
de poucos afagos
percebi que
o idiota aqui
cuidaria da sua mãe
só pra te ver feliz


Imagem: Laernu Sinatas


Menstrua(ação)

Era abril
Quase setembro
Outubro, sei lá!
Sua mãos me arranhavam como
o vento
do
inverno
Seu corpo era um
verão ebulido
As folhas caiam pelos
ventos como em um outono mórbido
E seus olhos eram tulipas azuis no
ápice da primavera
Fases de estação de ano
são turvas em
Terras tupiniquins
Era sábado
Eu sou de libra
E ela queria meu pau com
Ascendente em touro
Havia exatos 4 dias após sua ultima algia
E a cor do prazer era
Vermelha
Enfincava em mim suas
Unhas enquanto
Salivas eram trocadas
Na precisão
de um
conta
Gotas
Estávamos em um quarto branco
Enodoado de
vidas
Enquanto sua
boceta esfregava em minha
Barriga
Virilha
E
Coxa
Pintando toda minha
Alma
De tesão com natas de
menarquia
Ela não me
deixou chupa-la
Pois a
cor do tesão
Era vermelha
Ela Olhava meu pau
Duro com muita
fome
Muita fome!
E o embocou por completo
Me despindo de todas minhas
Ideias.
Após segundos de frenesia intensa, Eu estava perto de um colapso. Minha perna tremia como um terremoto; Sozinha. Ela já sentia meus espasmos em sua boca, então,
Com sua mão direita
Pressionou meu
tronco já inteiro
umedecido
de saliva
Subiu passando seus lábios em
meu corpo e sussurrou
na minha orelha...
“não goza”
Meus dedos já
Sangravam
Fincados no colchão.
E eu olhava para aqueles olhos
De tulipas em frente a mim
Uivando de
dor
Na ânsia de
explodir
E ela,
apertando mais
ainda meu
pau....sorriu e
Disse:
“ Calma.... Calma....”
E então eu disse:
Não solta meu pau!
Não solta meu pau!
Não solta meu pau!
Ali eu era dela
Ali eu era todo dela
Ali eu era o Ares e Hefesto em uma fusão levando flores para Afrodite
Era o crack para o viciado
Era a palavra suicídio para Schopenhauer
Ali éramos as mesmas pessoas
Eu não gozei.
Eu nem podia
Seria injusto.
“Quero gozar em você “ ela me disse
Escalou sobre meu
Corpo,
E de forma lenta
Comeu meu
Pau inteiro
Com aqueles grandes
Lábios de
Batom vermelho sangue
Ela rebolava a sinfonia de Beethoven em meu pau
E quicava ao som de Frank Sinatra
Eu a olhei, e ela estava lá
de corpo ereto
Exuberante. Com a cabeça quase toda inclinada para cima
E os cabelos esvoaçantes, no lugar
Onde ela
Queria estar
Quem sou eu para tirar uma mulher do lugar de onde ela quer estar
Toda mulher deveria sempre, em qualquer caso, em qualquer circunstancia estar no lugar que quiser, da forma que quiser, e do jeito que quiser estar
Este foi o ápice de minha noite
Pouco importa se gozamos
E um brinde a menstruação.


Chato


Eu aqui
Subtraindo de mim mesmo
A ultima gota de
Inspiração para minha
Ultima
Poesia
Eis que
Um som
De uma "escrotisse"
Musical
Vem e entra através das paredes
De meu
Quarto
Como um estupro
Intelectual
Sem que eu
Possa
Fazer nada
Nem um
B.O.
Nadinha
Queria mesmo
Era
Incorrer algo
Maléfico contra
Esses que me depredam nessa
“Horribilidade”
Mas preciso manter
A fama
De bom moço
Até porque
Tenho
Livros
Para
Vender


Fotografia: Linconl Costa   


Renan Chiaparini, 27 anos, é escritor. poeta e ativista.Reside em São José do Rio Preto, formado em Direito e cursando Letras na Universidade Julio Mesquita Filho, (UNESP-IBILCE), já com um livro publicado pela editora MODO de Campo Grande – MG chamado 1° ato, escreve profissionalmente há 4 anos e ministra aulas de poesia em oficinas de Escrita Criativa.

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