E aqui não foi assim
com tanta rasgação de seda azul,
tanto gomo, tantos dedos
foi com um sempre riste,
no meio da testa,
das pernas,
das tetas.
um riso de malícia,
um desdém,
um apossar-se
uma cadeira puxada é pagamento
pra não dizer que tomou a força,
pro julgamento na posteridade.
Aqui é na trovoada,
na peixeira,
no murro, na ponta de faca.
É cravado na clavícula do psicológico,
é ameaça de tirar as crias,
de infernizar a vida,
tudo em nome do amor.
Aqui é na base da quebradeira,
da pancadaria.
"Faz lá meu ovos bem mexidos, e do pão uma fatia"
É na base dos princípios do príncipe.
Aqui a lei que te tira pra loqui,
nos joga mais pro descarte.
Cê qué se fazer de
" trataram como casca a minha banana"
Teu ego fétido se inflama.
Eu quero mais que te traia a braguilha
Não sei quantos sambas,
deitada nesse mesmo quarto,
já te dancei à sala.
Daqui, me entreguei aos teus quadris, descalça.
E na cuíca meu pescoço passou a receptáculo de beijos,
e nos tambores teu sorver.
E vide em versos.
Cabelo solto na tua mão.
poros a postos,
paredes que evitam o chão.
E eu fico tão nervosa quando cá estou,
que pareço ter dois pés esquerdos.
Até parece que és a primeira,
que me chamou pra dançar.
Engole ou vomita
Diz que vai permanecer
as lingeries nas minhas gavetas
pois não tenho como ser pior.
E eu só com vinte e sete,
com um nervo quase novo
que se enrijece,
a subestimares romantizados,
vou guardando um já coalhado
leite morno pra tua sede.
Tu sabe que não quero ser a vilã,
mas já desvendei o nó dos teus novelos,
e sei o que é esperar tuas costuras
nua, no inverno.
Tem essa dureza da água,
aqui no meu mapa,
e eu tô guardando feito idoso,
esses teus porta-retratos quebrados,
que nunca guardam o meu rosto.
Não é vingança,
porque frio ou quente, não me apetece o paladar.
Chame do que quiser o que te sirvo no jantar.
Que morte lenta é o fim do encanto
Enquanto caga de manhã, de porta aberta,
livre de todas as amarras da sociedade,
vai me falando:
-Namaste bonitinha, que lindo dia de sol, minha flor de maracujá.
E depois, do jeito estranho de Francisco.
Que Marcinha da venda, já tá de rolo com outro,
mas que o último era mais bonito.
Do fedor de trabalhador de obra do seu Kiko da portaria noturna,
que achas que ele é pedreiro de dia.
Diz que Deus abençoe essa gente pobre e sem decência.
Enrola um papel de folha tripla,
macio pro seu cu de gente rica,
em três voltas generosas, e limpa um freadinha
de merda dura, e ainda ri.
-Sujou nada!
Eu vou me enervando de ser sensível
à tua já tão manjada hipocrisia,
começo a cagar também no seu dia,
com meus silêncios maçantes.
No fim do dia já cansada,
dou beijinhos na sua adorada,
tu sente gratidão lambuzada.
e eu fico meio enojada.
Mas nunca sirvo pra Mártir...
Sei que exponho teu orgulho,
escondendo o meu tipo o Mário,
atrás do armário,
e sei que ele também já te fodeu,
em outros poemas.
Amanhã tá decidido, tô indo embora.
Dor de garganta
ocê é só palavra, ela falou.
Bem assim:
" você-é-só-palavra! "
E eu fiquei, com palavras trancadas na garganta,
e no dia seguinte jatos e jatos de própolis com mel,
duas folhas de malva, água morna e uma colher de sal.
Palavras nos cigarros apagados no incensário antigo que virou cinzeiro,
cinzeiro de incensário antigo cheio de palavras cinzas,
Palavras em negrito nos pedações de pulmão na pia de manhã,
palavras roxas de olheira.
As portas quebradas do guarda roupa de infância,
escritas as palavras inocentes,
nas paredes do quarto de dormir estavam as palavras de sonhos recorrentes,
nos cadernos de rascunho, rasuradas as palavras de devaneios,
até na pasta de protocolo de desenhos,
tinham as palavras de 6b e faber castell.
No pente de cabelos, fios de palavras emaranhadas,
na mesma letra emendada das palavras das entranhas,
palavras escondidas nas rachaduras da boca,
palavras arrepiadas no bico dos seios.
E eu com palavras trancadas na garganta,
só queria dizer: -olha aqui ó moça....
....
...
Mas as palavras não saíram.
Rolê das minas
E rimos gostoso, de lacrimejar e ter uns espasmos,
de fazer barulhos estranhos,
e abrir a boca como temos vergonha,
de quase nos mostrarmos por dentro,
de bater compulsoriamente a mão no encosto do que nos encostávamos,
de acordar os cachorros,
os que dormiam, e os bebês.
Como se não tivesse cessar,
assustasse quem fosse passar,
como se quisesse mascarar,
enfeitiçar, atiçar, os pobres meninos.
Rimos tanto da alegria,
que eles pensaram em bruxaria.
Querido que besteira,
a parte que ri sem eira-nem-beira,
não queima na fogueira.
Patrycia Waltrick, lageana, parida em Agosto de 89, começou a desenhar sozinha antes de falar, começou a falar sozinha antes de escrever, e na escrita encontrou em si uma multidão. Todos a arranham, vezes aqui http://misstheunderworld.blogspot.com.br/ vezes acolá https://www.facebook.com/amalgamadaa/?fref=ts.