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10 poemas de Fernando Naporano

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Frank Stella - Black Series II 1967 


                  Gelo Em Cinzel De Voz

As folhas do tempo sem fotografias;
a expulsão dos vultos era o princípio.

Incendiar Buenos Aires,    a semente-água
refazer-te em vestes de museu-em-cinzas
carregar-te até a morte   de todos os dias
pastonírico  onde as fotografias do tempo

são jacintos cegos sem folhas.

(Do livro inédito A Destruição Do Gelo)



       Shadowy Turquoise Op-Art. Frank Stella, A Perspective

O luminoso esplendor da Sombra
sob a prata de ouro
do sol do meio-dia
revela os jasmins
que respiram à base de esquecimento

Lá quero ficar a ver mais nada
ainda que o ouro do sol
se recolha em prata
ao violino dos jasmins
que decoram os pactos do firmamento

(Do livro inédito A Destruição Do Gelo)



                   A Solidão De Greta Gustafsson

Apenas em máxima solidão
estendida além dos morros
faz-se possível,
da encosta,
repousar em seu vão.
Da pedra
escutar o ruído
que pede socorro ao céu,
em segredo,
de seu íntimo gosto.

(Do livro inédito A Destruição Do Gelo)


Frank Stella - Black Series II 1967


*
Fosso-sensação
perdição-Osso !
rouco * coração
Dor & Lodo_____

(Do livro inédito A Respiração Da Rosa)

  
*
Em carmim-desespero, caminho para o onde-não-sei
a rosa, por sua vez, aceita o despetalar contumaz
toco o perfume-conforto ao fim de A Espada Era Lei
a Luz na harmonia de Cecil Taylor, no ar, se desfaz

(Do livro inédito A Respiração Da Rosa)


*
Esplendor das profundezas do silêncio
em cobre-acre ao rumor do inverno
veemência da inutilidade dos lamentos
paisagem exata da vida no meio do inferno

(Do livro inédito A Respiração Da Rosa)



              Bauhaus;  Stairway To Escher

Roxo, negro-roxo de glaciar
inaugura a rígida arquitetura
de dilaceradíssimas lembranças
em prata-lume sob a água

Faz-se a geometria-enguia
do obscuro jazz-rock romano
oh esquecido-oculto
que tão bem rima com a droga da liberdade

Roxo, verde-de-roxo
grita em Roma Citta Aperta
pelo nome que mais amei em vida
em asa-lume ponte-abaixo

(Do livro inédito O Sangue Da Música)



               Internalização Da Atlântida Decepada

 O Mar sólido de Pedra.
Incolor. Entre as mãos do vento
e o tempo
que nunca mais me procurou

O Mar inválido.
Hoje não o vejo. Tejo sem visão.
Me apoio nos ombros do vento
há tempos não toco o coração.

(Do livro inédito Detestável Liberdade)


Frank Stella - Black Study I


*
Corvejava na linfa
que o Mar pudesse ter um Fim
capaz de coalhar a amargura
das frases desfeitas em Sim

da Perda em Ré-Menor,
hoje. escultura.

(Do livro inédito Detestável Liberdade)



             Ao Gáudio Das Águas Verticais De Bruxelas

Os lampiões belgas do fim do século XIX
bailando-te entre as sobrancelhas
combinavam em lividez descomedida
com a tonalidade ocre-esmeralda
a verticalar-se velozmente
como a plena habitação
da adolescência das rosas

A garganta de Todos-Os-Sonhos-Do-Mundo
gritava com a descarga
da Luz Do Frenesi bordô
que nas unhas e juntas dos artelhos
ao adorável perfume do recate
anis-de-alfazema
que naquela Bruxelas de 1911

se chamava apenas Paixão

(Do livro inédito Detestável Liberdade)




Fernando Naporano: Jornalista, compositor, professor, escritor, tradutor, radialista, vocalista (Maria Angélica Não Mora Mais Aqui) & etc. Poeta Em Tempo Elástico & Integral.

Entre seus principais livros inéditos de poesia estão A Coerência Das Águas, Abandono Devolvido, Estrelas De Gin, A Educação De Vera, Uma Lâmpada Entre Os Lábios e Nas Colinas De Valdemossa Com O Fantasma De George Sand. Tem um anti-romance, também inédito, chamado Não Era Uma Loira Era Um Garrafa De Cidra.

O livro A Agonia Dos Pássaros foi lançado em 2014 pelo selo Demônio Negro. Teve bom respaldo na mídia, incluindo entrevista no Globo News Literatura, prêmio Quem de melhor autor literário por votação de internautas, críticas excelentes em vários jornais, etc.

Contato: fernandonaporano@gmail.com
  

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